“Nós não queremos encerrar urgências em Lisboa e Vale do Tejo. Não queremos, mas eu não posso, em rigor da verdade, excluir a possibilidade de, em determinadas zonas muito carenciadas”, concentrar serviços, disse Ana Paula Martins no parlamento em resposta a questões levantadas por deputados sobre os constrangimentos nas urgências.
A ministra considerou que “muitas das situações que vão para a urgência obstétrica não precisavam de estar ali”, sublinhando que “não há equipas que aguentem”, além de serem “cada vez menos no Serviço Nacional de Saúde”.
Segundo a governante, não se pode excluir a possibilidade de concentrar urgências devido à falta de profissionais de saúde para assegurar o serviço.
“Podemos chegar a um momento para a obstetrícia, como para outras áreas, em que temos que encarar em conjunto a possibilidade de, tendo em conta, naturalmente, sempre as distâncias, poder ter que concentrar de facto urgências” como acontece na região Norte.
A ministra deu “o excelente exemplo” do Centro Materno infantil no Norte, região onde há vários exemplos. “Aliás, como sabem a Norte, não temos estes problemas que temos a Sul, e temos boas práticas que podemos aplicar aqui”, defendeu.
Destacou ainda a importância de haver centros dedicados à obstetrícia para captar e fixar as equipas.
“Os médicos, tal como os enfermeiros precisam de ter organização, precisam de ter previsibilidade. Não se tornam especialistas para não ter investigação, para não ter programas formativos para não terem consultas, para não terem internamento, para terem apenas apenas, apenas e só urgência”, salientou.
Segundo a ministra, desde há 20 anos que a porta de entrada do SNS tem sido a urgência, uma situação que agora piorou nas zonas onde não se consegue atrair recursos humanos.
“Não sou uma fada, nem tenho varinha mágica [numa alusão a declarações de uma deputada] mas estamos num ponto em que mesmo que não quiséssemos correr riscos, nós vamos ter que os correr, porque não temos solução”, afirmou.
“Nós não temos solução relativamente à questão das urgências se não fazer esta reorganização e garantir que atendemos o que é urgente e que temos respostas em proximidade ou consulta aberta 24 horas no hospital quando não conseguimos ter a resposta em proximidade”, sustentou a governante.
Ana Paula Martins avançou que o Ministério da Saúde vai ter reuniões com autarcas das regiões mais carenciadas, para debater esta reorganização e ter o seu apoio.
LUSA/HN
0 Comments