Num trabalho intitulado “O Sorriso tem Preço”, a revista da Deco assinala que entre os inquiridos que fizeram tratamentos nos últimos dois anos, quase metade (45%) pagou a despesa do próprio bolso e apenas 2% recorreu ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“O recurso ao dentista continua a ser um luxo, reservado a quem o pode pagar”, lê-se no artigo a publicar na edição de dezembro/janeiro.
Segundo a mesma fonte, as questões financeiras levaram ainda ao adiamento e cancelamento de grande parte das consultas (17%), com um em cada quatro inquiridos deste universo a afirmar ter sofrido consequências graves para a saúde.
“Os inquiridos com orçamentos familiares mais curtos são, claros, os que têm maior dificuldade em atingir os mínimos: 52% não vai ao dentista e 39% nunca o faz sem dores ou outro problema nos dentes”, sublinha-se no texto.
As falhas são menores entre os que têm uma situação financeira mais confortável, mas, mesmo assim, um quinto não segue a frequência recomendada e 7% nunca faz consultas de rotina.
Face a um inquérito semelhante realizado em 2018, a Deco constatou um aumento do número de pacientes que não conseguiu vaga no SNS: “Se em 2018 apenas 6% dos inquiridos conseguiu vaga, agora foram ainda menos (2%)”.
Cerca de 27% dos participantes no estudo revelou ter seguro de saúde ou plano dentário. Em alguns casos a despesa é comparticipada pela entidade patronal, através do prémio do seguro, mas em 45% das situações descritas a despesa é paga na totalidade pelos utentes.
“Como há seis anos, os consumidores continuam a optar sobretudo por consultórios, clínicas e hospitais privados, mas surgiu um fenómeno novo, o recurso por 16% dos inquiridos a consultas em dentistas pertencentes à rede de seguradoras, onde os custos são menores”, revela o inquérito.
Sete em cada 10 inquiridos usou o seguro nos últimos dois anos. Apenas 36% se manifestou muito satisfeito com as condições, estando a maioria das queixas relacionada com a clareza e transparência do contrato, acompanhamento administrativo e evolução do valor do prémio.
O inquérito, realizado em junho, abrangeu 849 pessoas, com idades entre os 18 e os 74 anos.
LUSA/HN
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