A adesão ao “Ligue Antes, Salve Vidas” terá início a 10 de dezembro, dia em que estará disponível um telefone à entrada do serviço de urgência de adultos e outro na de pediatria para motivar o utente que se deslocou ao hospital sem contactar a linha SNS24 a fazê-lo.
“Não gosto da expressão ‘falsas urgências’. Não há falsas urgências. Quem está a pedir auxílio acredita que está a precisar de atendimento urgente, mas todos os doentes devem ser colocados no sítio que melhor os servir. E não é o próprio doente que muitas vezes sabe isso”, sublinhou a diretora do Serviço de Urgência do São João, Cristina Marujo.
Em entrevista à Lusa, a propósito da preparação da Unidade Local de Saúde (ULS) de São João para o inverno, a responsável salvaguardou que não está em causa negar auxílio ou fechar portas a doentes menos urgentes, mas sim “criar mais segurança no atendimento e racionalizar melhor os recursos”.
“A ordem vai ser ligar [para o] SNS24. Nós sabemos que já era, mas a partir daqui será mesmo para cumprir porque os utentes são atendidos por profissionais altamente experientes e habilitados que saberão encaminhá-los para o sítio onde melhor serão atendidos”, acrescentou.
Na prática, doentes com pulseira ‘verde’ ou ‘azul’ – o correspondente na escala de triagem de Manchester a “pouco urgente” e “não urgente” – poderão ser encaminhados para o Centro de Atendimento Clínico (CAC) do Hospital da Prelada, ao abrigo de uma parceria que teve início em agosto, ou para os centros de saúde da ULS São João, que, garantiu a diretora clínica para a área dos cuidados de saúde primários, “estão preparados”.
“Neste momento, 60% dos doentes que são orientados para os cuidados de saúde primários da ULS São João já veem a sua situação resolvida por marcação de consulta. E essa orientação está a ser ainda mais promovida e os processos sempre a serem melhorados. A ideia do projeto é utilizar um recurso que foi disponibilizado, um recurso de saúde – a linha SNS24 -, e usá-lo da forma mais eficaz e com segurança para si e para o sistema”, disse a diretora dos cuidados de saúde primários da ULS, Lígia Silva.
A partir de dia 10, os cuidados de saúde primários da ULS São João têm consultas de doença aguda já contempladas nas agendas para garantir que é dada resposta, em menos de 24 horas, à referenciação pelo SNS24.
“Isso foi trabalhado junto das equipas. Estamos a garantir que o fluxo terá o mínimo de entropia possível”, apontou Lígia Silva.
Em novembro, a urgência de adultos do São João registou 474 admissões por dia. Quase 30% correspondiam a ‘verdes’ e ‘azuis’.
A ULS São João abarca freguesias de três concelhos do Grande Porto, desde a zona de Porto Oriental, à Maia e Valongo, sendo hospital de fim de linha de várias especialidades.
À Lusa, Cristina Marujo sublinhou que “ligar SNS24 vai beneficiar todos os doentes e não só os realmente urgentes”.
“Costumo dizer que hoje não sou urgente, mas amanhã posso ser e vou querer que as equipas estejam disponíveis para mim”, referiu.
Já sobre a experiência com o CAC da Prelada, dados enviado à Lusa mostram que desde agosto foram atendidos 3.044 utentes com pulseira ‘azul’ e ‘verde’ encaminhados pelo São João, o que já corresponde a mais de 50% dos utentes elegíveis.
“Na prática, foi criada uma estrutura que em conjunto connosco permite que todos os doentes têm atendimento e no melhor sítio”, acrescentou a diretora da urgência.
Nos centros de saúde, para já não está decidido avançar com qualquer plano de contingência para abrir diariamente após as 20:00.
Nos dias de Natal e passagem de ano estarão abertos os habituais Serviços de Atendimento Complementar (SAC): um em Faria Guimarães, para os utentes de Porto Oriental, outro no centro da Maia e em Ermesinde (Valongo).
LUSA/HN
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