“Nós [setor privado] estamos conscientes das nossas responsabilidades na sustentabilidade do sistema nacional de saúde e estamos aqui para assumi-las, mas necessitamos que o Estado promova, entre outras coisas, a previsibilidade”, disse Glenn Luís, continuando: “Precisamos de reduzir prazos de pagamento. Não é aceitável, não podemos manter prazos de pagamento acima de 200 dias no setor público”.
Para este diretor-geral, para combater “a escassez de medicamentos é essencial travar a excessiva descida de preços de medicamentos genéricos e é imperioso introduzir alterações ao modelo de contratação pública que, atualmente, se baseia unicamente, como critério de adjudicação, o preço”, assumiu Glenn Luís.
O diretor geral da Fresenius Kabi em Portugal falava na cerimónia de abertura da conferência que assinala os 25 anos da presença da farmacêutica alemã em Portugal, que decorreu em Santiago de Besteiros, Tondela, distrito de Viseu.
“E quando falamos de sustentabilidade do SNS [Serviço Nacional de Saúde], não posso deixar de referir a importância do papel do Estado na promoção da prescrição de medicamentos genéricos e biossimilares, aumentando o acesso a tratamentos médicos e libertando verbas para a inovação, que é tão importante”, desafiou.
A sessão de abertura contou com a presença do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que concordou com Glenn Luís ao assumir que o país está “há alguns anos a viver no longo prazo, com um Estado a pagar mal e fora de horas”.
E isso, porque, “acaba por custar mais aos contribuintes, impede a tal previsibilidade, acaba por obrigar que os próprios produtores defendam a forma como participam no mercado e apresentam um preço”.
Leitão Amaro lembrou que, há 10 anos, pertenceu a “um Governo que fez um esforço tremendo para reduzir os prazos de pagamento e o volume de pagamentos em atraso no setor no SNS”.
“O problema agravou-se e agora volta a ter que ser uma prioridade. Felizmente, já não é com a mesma gravidade do passado. […] Mas essa é uma luta que tem de ser feita e conhecem, é um compromisso do nosso programa eleitoral, reduzir os prazos de pagamento do Estado para, no horizonte da legislatura, uma média de 30 dias”, prometeu.
A cerimónia de encerramento da conferência contou com a presença da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que assumiu dar continuidade ao trabalho do anterior Governo na questão do preço dos medicamentos.
“O anterior Governo já o fez, nós também o fizemos agora, recentemente, quando anunciámos os novos parâmetros de revisão anual de preços para 2025 dos medicamentos em Portugal e creio que, através da portaria que, por acaso, publicámos a tempo e horas”, destacou a ministra.
E acrescentou: “Procurámos continuar uma trajetória que o Governo anterior já trazia, de evitar a erosão dos preços dos fármacos mais acessíveis, porque também compreendemos que é uma forma de evitar, ou combater, a escassez de medicamentos nas farmácias e nos hospitais, que é uma preocupação de todos nós”.
A Fresenius Kabi está presente em mais de 100 países, com mais de 20 fábricas na Europa e conta com mais de 43.000 funcionários. Em Portugal são mais de 850 e, a grande maioria, trabalha em Santiago de Besteiros, Tondela, distrito de Viseu.
Glenn Luís disse que o “último grande investimento” realizado pela Fresenius Kabi em Portugal foi o da “expansão da unidade cinco para reforço de penicilinas injetáveis”, hoje inaugurada em Santiago de Besteiros pela ministra Ana Paula Martins.
“Não há nenhum hospital que funcione sem antibióticos injetáveis. Aqui em Santiago de Besteiros, são das últimas fábricas da Europa a fabricá-las. Desde a compra da Labesfal, em 2005, já investimos mais de 120 milhões de euros no reforço da nossa capacidade produtiva, e este investimento é feito em Santiago de Besteiros”, sublinhou Glenn Luís.
LUSA/HN
0 Comments