Policonsumo de drogas generalizado na Europa onde lidera o consumo da canábis

26 de Fevereiro 2025

O consumo de mais de uma droga em simultâneo, muitas vezes misturada com álcool, está a generalizar-se na Europa e a preocupar as autoridades de saúde, revela um inquérito, que aponta a canábis como a substância mais consumida.

O inquérito online, hoje divulgado, foi realizado pela Agência da União Europeia sobre Drogas (EUDA, na sigla em inglês), junto de adultos de 31 países europeus sobre consumo de drogas, revelando que a canábis mantém a tendência de droga ilícita mais consumida, com 59% dos inquiridos a indicarem a sua utilização no último ano, seguida do MDMA/Ecstasy (30%) e da cocaína (29%).

O inquérito da agência que veio substituir o Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (OEDT), sediado em Lisboa, destaca também a utilização de outras drogas com 18% a referir o consumo no último ano de cogumelos mágicos, 17% de anfetamina e 16% de novas substâncias psicoativas (NPS), enquanto 14% dos inquiridos comunicaram o consumo de cetamina (anestésico usado na veterinária para animais de grande porte).

O documento, que mostra os atuais hábitos de consumo de drogas de mais de 66.0000 europeus, avança que o policonsumo de substâncias é cada vez mais generalizado, precisando que para muitos consumidores “uma droga não é suficiente”.

“Em ambas as regiões [24 Estados-Membros da União Europeia (UE-24) e Noruega], o padrão mais comum de consumo de drogas referido através do inquérito foi o policonsumo de substancias, o consumo de duas ou mais substâncias psicoativas (lícitas ou ilícitas) simultânea ou sequencial”, salienta o documento, acrescentando que os inquiridos da UE-24 e Noruega indicaram que a cocaína em pó era a droga que mais consumiam com, pelo menos, uma outra substância, incluindo álcool ou tabaco.

Segundo o relatório, apenas 4% dos participantes afirmaram ter consumido cocaína isoladamente durante o seu último consumo, enquanto “os consumidores de canábis apresentam a taxa mais baixa de policonsumo de substâncias, com um terço a declarar que consumiram apenas esta substância na última vez que a consumiram”.

De acordo com o inquérito, que decorreu entre maio e julho de 2024, a canábis é “a substância mais consumida, enquanto o policonsumo de substâncias é cada vez mais generalizado”.

Para este inquérito online da EUDA foram inquiridos 61.732 cidadãos da UE-24 e Noruega e 4.442 dos Balcãs Ocidentais (Albânia, Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Montenegro, Macedónia do Norte e Sérvia).

Nos Balcãs Ocidentais, os inquiridos referiram a cocaína em pó e a cocaína-crack como as drogas que tinham consumido com mais frequência com, pelo menos, uma outra substância, incluindo o consumo de álcool ou tabaco, tendo apenas 3% afirmado que consumiu uma destas drogas exclusivamente durante o seu último consumo.

Nas perguntas sobre “motivações para o consumo de droga — compreender o ‘porquê’”, mais de 75% dos inquiridos da UE-24 e da Noruega declararam ter consumido MDMA/ecstasy, cetamina e/ou cocaína em pó “para se divertir”, a mesma razão foi apontada por mais de metade daqueles que consumiram Novas Substâncias Psicoativas (NSP), anfetamina, cocaína-crack e/ou metanfetamina.

Os dados mostram igualmente que 51% dos que consumiram anfetaminas e 44% dos que consumiram metanfetamina afirmaram que as utilizaram “para se manterem acordados”, outros 60% afirmam que utilizaram metanfetamina, canábis e/ou canábis de baixo teor (CDB) de THC “para reduzir o stress” ou “para relaxar”.

Já a maioria dos inquiridos nos Balcãs Ocidentais afirmaram que consumiram MDMA/Ecstasy cocaína em pó, anfetamina, cetamina e/ou cocaína-crack “para se divertirem”.

O inquérito revela ainda que a maior parte das substâncias abrangidas pelo inquérito — canábis, anfetaminas, metanfetamina, heroína, NSP e cetamina — foi reportada como sendo consumida em casa.

No entanto, foram relatadas exceções em que a maioria dos participantes responderam que consumiram MDMA/Ecstasy em festivais de música ou festas (79% na UE-24 e na Noruega, 81% nos Balcãs Ocidentais), enquanto a cocaína em pó era consumida principalmente em bares ou clubes (68% e 71%, respetivamente).

LUSA/HN

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