“O que estamos hoje a viver não é uma crise inevitável, é uma crise provocada. Sim, provocada. Provocada por um Governo que prometeu tudo e não entregou nada, nada”, disse Fernando Araújo num comício na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto.
Na sequência de um discurso centrado sobretudo na saúde, o antigo diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde lembrou que a AD “dizia que bastava mudar o Governo para resolver todos os problemas, mas em vez de soluções trouxeram desculpas”.
“Em vez de responsabilidade trouxeram propaganda, em vez de cuidar, estão a cortar, a fragmentar, a privatizar. Sempre que há um problema, a resposta é sempre a mesma, sempre: mais uma convenção com o privado e tudo fica resolvido”, acusou.
Fernando Araújo considera que os responsáveis do Governo da AD “criam os problemas e depois apresentam os amigos do costume para os resolver”.
“Sabemos o que está acontecer. Sabemos o que não fizeram no verão e no inverno passado. Sabemos que há um projeto que não diz o seu nome mas que quer transformar o nosso direito à saúde num negócio”, observou.
Antes, o médico criticou “aqueles que acham que as dificuldades se resolvem com planos baseados em ‘slides’ feitos por qualquer agência de comunicação”.
Pelo contrário, o ex-diretor executivo do SNS defendeu a existência de “projetos, ideias, equipas que se motivam e não se destroem, com liderança, com envolvimento, com responsabilidade, com humildade de corrigir o que pode e deve ser melhorado, ouvindo, envolvendo, motivando”.
Fernando Araújo acusou ainda o Governo da AD (coligação PSD/CDS-PP) de “usar o desespero das pessoas como arma política”.
“Estão a virar médicos contra enfermeiros, a virar utentes contra profissionais, a virar o setor público contra o setor privado como se o caos fosse inevitável, como se a única saúde fosse vender o SNS”, considerou.
Fernando Araújo recordou as 11 mortes ocorridas durante a greve do INEM e os recentes problemas durante o apagão de segunda-feira.
Para o cabeça de lista do PS no distrito do Porto, o SNS “está em risco”, e “a democracia está a ser corroída pela banalização da mentira”.
Também o presidente da distrital do PS do Porto e diretor de campanha do PS para as eleições legislativas de 18 de maio, Nuno Araújo, vincou que este “é o tempo de escolhas claras, é o tempo de assumir posições”.
“O país está a chegar a um limite, e o que decidirmos agora vai marcar os próximos anos. Estas eleições são uma escolha entre dois caminhos: o nosso, um caminho de coragem, e o outro, de cobardia; o nosso, um caminho de projeto, o outro de vazio; o nosso, um caminho com liderança firme, e o outro com um Governo à deriva”, considerou.
A número dois pelo Porto e secretária-geral da Juventude Socialista (JS), Sofia Pereira, rejeitou “viver num país onde o cinismo dita a regra, onde o realismo mata a ambição”.
“Chegou a hora da coragem, chegou a hora de dar em conjunto, chegou a hora de exigirmos salários dignos, casas acessíveis, ensino superior sem propina e a saúde mental que não seja mais um tabu no nosso país”, vincou.
lusa/HN
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