“As medidas de confinamento não tiveram a mínima preocupação com os motoristas”, acusou o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIIM), numa carta aberta enviada ao primeiro-ministro, António Costa.
O sindicato disse ter tido conhecimento de que no último fim de semana – o primeiro com recolher obrigatório entre as 13:00 e as 05:00 – “os profissionais do transporte foram novamente vítimas de uma medida cega”, uma vez que as estações de serviço fecharam e é naqueles locais que costumam fazer as suas pausas para higiene pessoal ou alimentação.
“Quando são tomadas medidas de restrição de acesso a espaços comerciais, é preciso ter em conta que os estabelecimentos de comércio e restauração localizados nas autoestradas e principais eixos rodoviários são essenciais e imprescindíveis para quem passa a vida na estrada, e não, não é só pela questão da alimentação, mas também pela higiene diária e satisfação de necessidades básicas de qualquer ser humano”, defendeu o sindicato.
O SIIM apontou que estes profissionais não podem parar a atividade, sob pena de faltar bens essenciais nos supermercados, hospitais, ou na indústria, mas, para garantir esse serviço, “querem e precisam de dignidade no desempenho das suas funções”.
Esta situação só se verifica em Portugal, segundo o sindicato, já que noutros países da Europa as áreas de serviço se mantêm abertas para serviços básicos e venda de bens essenciais.
“Em França as concessionárias vão ao ponto de oferecer refeições quentes aos profissionais do transporte, na vizinha Espanha foi criada uma rede de apoio aos motoristas e os estabelecimentos que estão situados junto dos principais eixos rodoviários tem permissão para receber os motoristas, no caso das áreas de serviço nas autoestradas, há mesmo a obrigação de ceder acesso a instalações sanitárias e a bens de primeira necessidade”, explicou.
O SIIM defendeu, assim, que as estações de serviço se mantenham abertas para estes profissionais, permitindo-lhes o acesso às instalações e aos produtos alimentares, mediante a apresentação da Carta de Qualificação de Motorista.
“Senhor primeiro-ministro, os motoristas transportam a economia e todos os bens necessários a todos os setores da sociedade, literalmente, e não pedem nada demais, apenas respeito pela sua dignidade. Deve ser obrigatório o acesso às instalações sanitárias nas áreas de serviço! Deve ainda ser permitida a venda de bens essenciais a estes profissionais, em todas as áreas de serviço e nos estabelecimentos junto de estradas nacionais, IPs e ICs!”, lê-se na carta.
O Governo decidiu decretar o encerramento do comércio e da restauração às 13:00 no último e no próximo fim de semana, no âmbito das medidas para combater a pandemia, ao abrigo do estado de emergência, que vigora até 23 de novembro, mas que pode ser renovado por períodos de 15 dias.
Os restaurantes só podem funcionar a partir das 13:00 para entrega ao domicílio, e não para ‘take away’.
LUSA/HN
0 Comments