Segundo o diretor do Centro de Responsabilidade Integrada de Oftalmologia do Hospital Garcia de Orta (HGO), em Almada, Nuno Campos, este novo tratamento com “Ranibizumabe e kit Visisure” apresenta diversas vantagens comparativamente com o tratamento a laser que é classicamente utilizado em crianças”.
“Tem resultados mais imediatos, permite resguardar mais a integridade anatómica e a função do olho a longo prazo, e porque permite o controlo da evolução da doença nos casos em que esta é mais agressiva”, afirma Nuno Campos, citado num comunicado hoje divulgado.
Segundo o especialista, “a realização deste procedimento ganha especial importância porque abre uma janela terapêutica” para que os bebés que sofrem desta doença possam conseguir controlá-la e obter melhores resultados no futuro com uma terapêutica especificamente estudada para estes casos extremos”.
A nova indicação terapêutica deste procedimento foi recentemente aprovada pelo Infarmed, sendo que, até à data, o tratamento era realizado apenas em doentes adultos.
O procedimento consiste na injeção do fármaco junto da retina e pode agora ser utilizado em prematuros, com a máxima segurança no que diz respeito à dosagem, através da associação a uma seringa calibrada de injeção – kit Visisure – especialmente desenvolvida para este grupo de doentes.
O HGO criou recentemente a Unidade Multidisciplinar de Tratamento de Oftalmologia Pediátrica, que integra as especialidades de Pediatria, Oftalmologia Pediátrica e Retina com o objetivo de otimizar as respostas a todos os casos, nomeadamente aos que apresentam maior complexidade clínica.
O diretor do Serviço de Pediatria, João Franco, explica que “a retinopatia da prematuridade é uma doença vascular que afeta a retina imatura dos recém-nascidos prematuros, estando entre as principais causas de cegueira infantil a nível mundial”.
“Até 20% dos recém-nascidos com prematuridade extrema (em que a duração da gestação foi inferior a 28 semanas completas) podem desenvolver uma forma moderada ou grave de retinopatia em um ou ambos os olhos”, salienta.
A coordenadora de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo, Ana Vide Escada, sublinha que “o tratamento de cada um dos olhos de cada bebé é sempre o mais personalizado possível e dada a agressividade potencial da retinopatia da prematuridade” afirmou que “foi com satisfação” que incluíram no “arsenal terapêutico mais uma alternativa”.
Teresa Fonseca, oftalmologista pediátrica que integra a equipa que realizou o tratamento, defende que “dadas as consequências desastrosas” desta doença na vida adulta, todas as opções terapêuticas que a permitam controlar “na sua fase precoce são uma mais-valia gigantesca para o projeto de vida pessoal destas crianças”.
Estima-se que anualmente 23.800 a 45.600 bebés sejam diagnosticados com perturbações irreversíveis da função visual devido à retinopatia da prematuridade.
Para João Franco, a redução da incidência desta doença baseia-se desde logo “na otimização dos cuidados obstétricos e neonatais, que devem ser assegurados por hospitais de apoio perinatal diferenciado como o Hospital Garcia de Orta”.
LUSA/HN
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