Mais de metade da população estudantil mundial ainda tem perturbações significativas no ensino um ano após o eclodir da pandemia, com escolas fechadas em 31 países e horários reduzidos em 48
Num balanço divulgado hoje, Dia Internacional da Educação, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) diz que a pandemia de covid-19 fez perder a nível mundial dois terços de um ano académico e que atualmente 800 milhões de estudantes ainda enfrentam perturbações na sua educação.
Os dados (divulgados no mapa de monitorização interativa da página da UNESCO) mostram que a nível mundial as escolas foram totalmente encerradas durante uma média de 3,5 meses desde o início da pandemia.
Se forem tidos em conta encerramentos seletivos o número sobe para 5,5 meses, indica a organização.
Segundo o comunicado, o fecho das escolas varia de região para região, desde cinco meses de total encerramento a nível nacional, em média, na América Latina e nas Caraíbas, a 2,5 meses na Europa ou apenas um mês na Oceânia. Variações regionais semelhantes são observadas quando se contabilizam os encerramentos localizados.
Os números mostram também os esforços dos governos para manter as escolas abertas ou privilegiar encerramentos parciais ou locais. Em abril do ano passado 190 países tinham as escolas fechadas, contra os 31 de agora. Em 101 países as escolas estão a funcionar a 100%.
“Os encerramentos prolongados e repetidos de instituições de ensino estão a ter um impacto psicossocial crescente nos estudantes, aumentando as perdas de aprendizagem e o risco de desistência, afetando desproporcionadamente os mais vulneráveis”, diz a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, citada no documento.
Por esse motivo, acrescenta a responsável, o encerramento escolar completo “deve ser um último recurso e a sua reabertura em segurança deve ser uma prioridade”.
A UNESCO salienta que mesmo antes da crise provocada pelo novo coronavírus que causa a doença covid-19, apenas um em cada cinco países demonstrava um forte empenho na equidade na educação através do seu financiamento, situação que não mudou com a covid-19.
“Precisamos de um pacote de recuperação adequadamente financiado para reabrir escolas em segurança, visando os mais necessitados e colocando a educação novamente no bom caminho para a geração covid-19”, acrescentou Audrey Azoulay, aproveitando a efeméride que hoje se assinala para pedir aos países que deem prioridade à educação.
No Dia Internacional da Educação, a UNESCO, além de apelar a mais financiamento para o setor, alerta para a baixa prioridade atribuída à educação nos esforços de recuperação da pandemia de covid-19.
Os números da UNESCO indicam que o setor recebe apenas cerca de 0,78% dos pacotes de ajuda a nível mundial.
Além disso, a ajuda à educação poderá ter-se reduzido em 12% devido à pandemia de covid-19. Nos países mais pobres aumentou em um terço o défice de financiamento para a educação.
Na Reunião Global da Educação, convocada pela UNESCO em outubro do ano passado, governos e parceiros comprometeram-se a proteger os orçamentos da educação, bem como a centrar a recuperação na reabertura segura e inclusiva das escolas, no apoio aos professores, no desenvolvimento de competências e na conectividade para todos.
Para permitir um regresso seguro à escola, a UNESCO apelou a que fosse dada prioridade aos 100 milhões de professores e educadores do mundo nas campanhas de vacinação.
NR/HN/LUSA
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