Em entrevista à agência Lusa a propósito do anúncio dos dois primeiros casos relacionados com a pandemia de Covid-19 em Portugal, em 02 de março do ano passado, Marta Temido explicou que Portugal tinha adesões “historicamente muito baixas” à vacinação contra a gripe sazonal, dando como exemplo os profissionais de saúde.
“Este ano tivemos uma adesão de 65% e, portanto, isso naturalmente vai ser considerado para as estimativas de quantidades [adquirir] em 2021”, explicou a governante, acrescentando: “Aquilo que estamos a prever é um reforço das quantidades”.
A ministra sublinhou que a estimativa das quantidades de vacina da gripe a comprar varia em função daquilo que as autoridades de saúde preveem para a futura época gripal, mas também em função da adesão da população.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) conseguiu ter em 2020 um pouco mais de dois milhões de doses de vacinas, a somar às cerca de 500 mil no setor privado.
Nos anos anteriores, eram compradas cerca de 1,5 milhões doses de vacinas.
Apesar da polémica gerada pela alegada falta, em dezembro, de vacinas da gripe, em janeiro havia alguns centros de saúde, como de Alvalade, em Lisboa, que ainda tinha vacinas disponíveis.
Nesta época gripal (2020/2021), a vacina da gripe é fortemente recomendada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) a pessoas de idade igual ou acima dos 65 anos, grávidas, doentes crónicos e imunodeprimidos, profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.
A vacina é gratuita nas pessoas com 65 anos ou mais, grávidas, utentes de lares e doentes da rede de cuidados continuados, abrangendo ainda algumas doenças crónicas como a diabetes, por exemplo.
Pode ser administrada mediante receita médica em todos os restantes cidadãos não incluídos nestes grupos, mas com uma compartição de 37%.
De acordo com um estudo divulgado esta semana e que analisou as últimas 10 épocas gripais, o SNS tem um custo médio anual de 3,9 milhões de euros em hospitalizações diretamente relacionadas com a gripe.
Esta investigação conclui que o custo médio anual por doente é de 3.302 euros, um valor que aumenta com a idade, pois os mais velhos têm normalmente outras doenças associadas.
Nos doentes com idade inferior a 65 anos e com comorbilidades este valor é de 3.485 euros e nos sem outras doenças associadas é de 2.164 euros.
Já nas pessoas com mais de 65 anos com comorbilidades o custo médio anual chega aos 4.714 euros, enquanto na mesma idade, mas sem outras doenças, o valor se fica pelos 2.204 euros.
Ao longo dos 10 anos analisados, a maior taxa de hospitalização foi observada na época gripal de 2017/18, dominada pelo vírus influenza B / Yamagata e que também registou o maior custo com internamentos: 8,6 milhões de euros, dos quais 65% relativos a população com idade igual ou superior 65 anos.
LUSA/HN
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