Ordem diz que mais de 2.500 médicos já foram vacinados contra a Covid-19

10 de Março 2021

Mais de 2.500 médicos foram vacinados até terça-feira e cerca de 134 viram a sua vacinação adiada por já terem tido Covid-19, uma situação que a Ordem dos Médicos (OM) pretende alterar, anunciou esta quarta-feira o bastonário Miguel Guimarães.

Miguel Guimarães fez hoje um balanço da iniciativa coordenada pela Ordem dos Médicos para vacinar todos os médicos que ainda não tinham tido acesso à vacina, cuja primeira fase já se encontra concluída no Porto e no Algarve, estando agora a decorrer em Lisboa e no próximo fim-de-semana será a vez de Coimbra.

Segundo os dados avançados em conferência de imprensa na sede Ordem dos Médicos, em Lisboa, foram vacinados até terça-feira 2.578 médicos.

Sobre os que ficaram por vacinar por já terem tido Covid-19, o bastonário afirmou que se trata de “um grupo prioritário” e que tendo tido a doença Covid-19 há algum tempo deveriam também ser vacinados.

“Estamos a trabalhar esta situação com o Ministério da Saúde, no entanto, cumprimos as regras e, portanto, temos cerca de 134 médicos que foram adiados por terem tido a doença Covid-19”, salientou.

Presente na conferência de imprensa, o pneumologista Filipe Froes avançou que a OM e o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos estiveram reunidos na terça-feira com a Comissão Técnica de Vacinação da Direção-Geral da Saúde para discutir a vacinação das pessoas com infeção prévia, “até porque já há vários países que incluíram essas pessoas nos seus esquemas de vacinação”.

“Foi uma reunião muito produtiva e muito frutífera”, com base “numa ampla discussão científica” em que “não há qualquer dúvida da necessidade de vacinar as pessoas com infeção prévia, a questão está na escolha e na determinação da melhor altura para as vacinar, de maneira a garantir a eficácia maior da vacinação, e nalgumas dúvidas que há relativamente ao esquema de uma ou duas doses”, disse o coordenador do gabinete de crise da OM.

Neste momento, adiantou, parece consensual que alguns países optaram por duas doses e há outros países que optaram por uma dose reservando a possibilidade de dar duas doses aos indivíduos imunodeprimidos.

“Outro aspeto que ficou determinado é que não há necessidade, à semelhança do que foi dito pelos outros países, de realizar estudos serológicos previamente para determinar o grau de proteção”, disse Filipe Froes, adiantando que estão a aguardar o parecer definitivo da DGS que espera ser no sentido de “alargar a proteção de todos os portugueses e não esquecendo aqueles que já tiveram a infeção anteriormente e que estão neste momento em risco de infeção e em risco de gerar uma cadeia de transmissão”.

Miguel Guimarães destacou, por seu turno, o trabalho realizado pelo coordenador da ‘Task Force’, o vice-almirante Gouveia e Melo, afirmando que tem “sido um líder nesta matéria no plano de vacinação que, aliás, se nota nos indicadores” que vão tendo conhecimento.

“O número de pessoas com 80 anos ou mais que foram vacinados está a crescer, e este é um sinal muito positivo”, bem como o número de profissionais de saúde vacinados.

Para Miguel Guimarães, “essa liderança forte que o vice-almirante trouxe ao plano de vacinação é um sinal muito positivo no combate” que o país tem pela frente de tentar garantir que cerca de 70% da população portuguesa esteja vacinada até ao verão, o que considerou “um objetivo possível” se houver uma intervenção no plano de vacinação.

A OM sempre defendeu que os grupos prioritários devem ser os profissionais de saúde, as pessoas com mais de 80 anos, porque têm uma taxa de mortalidade “extraordinariamente elevada” que no caso de Portugal é cerca de 14%, enquanto nas pessoas na faixa etária dos 50/60 anos, independentemente das doenças, essa taxa é de 0,3%, salientou.

“Na altura definimos também como prioritários os lares. Eram estas as três prioridades, a partir daí se nós queremos cumprir o plano rapidamente, ter a eficácia que queremos para o país e para a proteção de todos os portugueses nós vamos ter que começar a vacinar por idades”, defendeu.

No seu entender, é um processo “mais prático, tem menos complicações, é mais percetível por todas as pessoas” e consegue “correr mais rápido, com menos riscos, com menos desperdícios e de forma mais fluida e nós conseguimos se calhar antecipar num mês a vacinação de todas as pessoas”.

Lusa/HN

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