“Defendo a aquisição de todas as vacinas que sejam possíveis trazer ao processo português, desde que tenham qualidade, as garantias necessárias de reguladores credíveis e possam ser administradas em território nacional”, afirma em entrevista à agência Lusa o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, salientando: “Se tivermos a possibilidade de trazer mais vacinas, acelerando a proteção da população e contribuindo para libertar a economia e a sociedade da pandemia, julgo que todo o português de bom senso deseja isso”.
O atual portefólio de vacinas assegurado por Portugal inclui as vacinas desenvolvidas por Pfizer/BioNtech, Moderna, AstraZeneca, Janssen (todas já autorizadas pelo regulador europeu para introdução no mercado), Sanofi/GSK e CureVac (ambas numa fase mais atrasada). No dia 04 de março, a EMA anunciou o início de uma “análise contínua” da Sputnik V para aferir a sua conformidade com os requisitos da União Europeia ao nível de eficácia, segurança e qualidade.
Num momento em que Portugal regista cerca de 1,2 milhões de vacinas administradas, das quais perto de 850 mil correspondem à primeira dose e 350 mil à segunda, Henrique Gouveia e Melo reivindica uma “taxa de execução muito elevada” face ao que foi entregue pelas farmacêuticas e nota que “o ‘stock’ [de vacinas] é inferior a 10% da vacinação”, apesar de um ligeiro acréscimo com a suspensão temporária da vacina da AstraZeneca.
“Os nossos ‘stocks’ são de segurança para as segundas doses. Nós antecipamos ao máximo a vacinação dos portugueses – com algum risco até nos ‘stocks’, mas um risco calculado e mitigado – para que a taxa de vacinação seja a mais elevada possível com a disponibilidade de vacinas que temos em território nacional”, frisa.
Paralelamente, o responsável pela ‘task force’ assume a possibilidade de um novo alargamento do prazo entre a toma das duas doses – como foi decidido no início de março em relação à vacina da Pfizer/BioNtech, que passou de 21 para 28 dias, e que classifica como “um primeiro passo” – para poder vacinar mais pessoas num menor espaço de tempo.
“Eventualmente, depois de termos indicações mais seguras de que alargar mais tempo não prejudica a eficácia da vacina, julgo que devemos alargar, mas só depois de termos essas indicações”, observa, sem deixar de fixar a meta de “perto de um milhão de pessoas com a primeira dose de vacinação” até ao final deste mês.
Com o processo de desconfinamento a decorrer em paralelo com a vacinação, Henrique Gouveia e Melo mostra algum receio de que “ideias de descontração possam comprometer todo o esforço” do último período de confinamento e lembra que isso depende de “todos”, independentemente de uma maior fiscalização ou de sanções mais pesadas.
“Não tenho, evidentemente, funções políticas, nem funções policiais. Portanto, enquanto coordenador da ‘task force’, apelo à consciencialização das pessoas para os seus comportamentos, porque isso pode ter uma influência tremenda no nosso futuro”, conclui.
LUSA/HN
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