Algumas dezenas de eleitores aguardavam esta manhã a sua vez de votar nas presidenciais de São Tomé e Príncipe, pouco depois da abertura das urnas, às 07:00 locais, em diferentes locais de voto na capital são-tomense.
O são-tomense Manuel Ribeiro, 69 anos, foi um dos primeiros a chegar à escola D. Maria de Jesus. Passa pouco das 07:00 mas o sol já aquece e o homem puxa uma cadeira para a sombra.
“Ainda…”, responde, quando questionado se já votou, no jeito são-tomense de dizer que não.
Preferiu ir votar cedo, com “uma condição boa”, sem confusões.
“Lá mais para a tardinha, às 14:00 ou 15:00, é que as pessoas vêm a correr”, descreve, acrescentando: “Há quem espere para ver se sai alguma coisa”, enquanto esfrega o polegar e indicador para representar dinheiro, numa alusão ao chamado ‘banho’, a prática de dar dinheiro em troca de votos, que normalmente se intensifica com o aproximar da hora de fecho das urnas, marcada para as 17:00.
Dois elementos da missão da observação eleitoral da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) já estão no local. É uma das missões enviadas para estas eleições, além da da União Africana.
Respondendo ao apelo das autoridades sobre o respeito das regras sanitárias para conter a propagação de covid-19, os eleitores levam a sua máscara, algo pouco visto em São Tomé, onde o seu uso não é obrigatório no exterior.
À entrada da mesa de voto, todos os eleitores têm de desinfetar as mãos com álcool-gel, mas há quem reclame.
“Isso é brincadeira, o Governo não tem responsabilidade. No momento da campanha, ninguém usava máscaras”, critica Odaír, 38 anos.
Erandina, 40 anos, preferiu sair cedo de casa para votar para “evitar aglomerações”.
Espera que a votação de hoje “corra bem”, mas admite que seja necessária uma segunda volta das eleições, porque “são vários candidatos”.
A lista longa de 19 candidatos obriga a que o boletim de voto se assemelhe a uma tira de papel, quase de tamanho A3.
A votação desenrola-se em duas salas, cada uma com apenas uma cabine de voto, em que o eleitor fica visível, de costas, para os delegados que se encontram em cada mesa de voto. Uma forma de procurar evitar fraudes e a prática do ‘banho’, em que o eleitor fotograva o boletim para comprovar o voto em determinado candidato, de forma a receber dinheiro.
No Bairro do Hospital, o cenário repete-se no Centro de Interação Jovem.
Jorge, 30 anos, já votou e exibe o indicador da mão direita, com uma cruz pintada a marcador, sinal de que já exerceu o seu direito.
É delegado, pela candidatura de Júlio Silva, e por isso vai passar o dia nesta mesa de voto, para se revezar com outro colega que está no interior da sala.
“Espero que a população esteja disposta a votar. Aqueles que não querem sair de casa… têm de contribuir para o bem do Estado”, comenta.
À saída do local de voto, há quem já se prepare para regressar dentro de algumas semanas: “Queira ou não queira, para a segunda volta nós estamos aí”, afirma um homem.
“Vai lá votar”, diz outro para um amigo, já a sair da mesa de voto. “Eu já votei, são 19 ladrões. Só o número 20 não é ladrão”, atira, com uma gargalhada.
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