A greve, a última de uma série liderada pela Associação Nacional de Estagiários (Nard), que representa 40% dos médicos na Nigéria, “começou às 08:00 desta manhã”, segundo o presidente da organização sindical, Uyilawa Okhuaihesuyi, em declarações à agência France-Presse.
O sindicato apela ainda ao Governo nigeriano para honrar a promessa de pagar uma indemnização às famílias dos médicos que morreram enquanto lutavam contra o coronavírus.
“Pedimos ao Governo que pague um seguro de vida a 19 dos nossos membros, que morreram enquanto trabalhavam na linha da frente”, afirmou Okhuaihesuyi.
Os médicos nigerianos têm vindo a ameaçar com regularidade entrar em greve, na esperança de obter das autoridades o pagamento dos respetivos salários em atraso, bem como um aumento dos recursos atribuídos aos hospitais públicos em dificuldades do país. Reclamam ainda que não existem camas, medicamentos e kits de proteção suficientes nas instalações hospitalares.
A Nigéria, um país de 200 milhões de pessoas, tinha 42.000 médicos generalistas registados em 2019, segundo a Associação Médica Nigeriana (NMA), o que resulta numa média de dois médicos para cada 10.000 habitantes.
Na altura dos primeiros casos de coronavírus no país, em março de 2020, o médico Francis Faduyile, presidente da NMA, afirmou que “entre 70% e 80% das instituições de saúde pública não tinham água corrente ou água limpa suficiente para lavar as mãos”.
As autoridades nigerianas receiam que uma greve possa desestabilizar ainda mais o sistema de saúde, que já está sob pressão da epidemia de coronavírus, numa altura em que o país necessita de vacinar a sua população.
A Nigéria regista até agora oficialmente 174.315 casos de infeção com o coronavírus e 2.149 mortes associadas à Covid-19. Estes números são, no entanto, subestimados, atendendo ao baixo número de testes realizados.
Em julho, o Centro Nigeriano de Controlo de Doenças (NCDC) afirmou ter detetado a variante Delta do vírus, altamente contagiosa, o que levou as autoridades sanitárias nigerianas a antecipar uma terceira vaga da epidemia.
LUSA/HN
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