Enfermeiros açorianos alertam para cansaço em caso de segunda vaga

17 de Junho 2020

O presidente da secção da Ordem dos Enfermeiros nos Açores disse esta terça-feira estar preocupado com uma eventual segunda vaga de Covid-19 no arquipélago devido ao cansaço daqueles profissionais de saúde na região.

“Neste momento, havendo uma segunda vaga nos Açores, eu receio que, numa linguagem bélica, a tropa está cansada. E isso é aquilo que nos preocupa e aquilo que preocupou a Ordem desde o início do combate a esta situação [da pandemia de Covid-19]”, disse esta terça-feira o presidente do conselho diretivo da secção regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares.

O enfermeiro falava numa videoconferência realizada pelo Facebook, acompanhado pelo líder do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro.

Pedro Soares afirmou já ter alertado “quem de direito” sobre o assunto, referindo que a Covid-19 demonstrou a falta de enfermeiros na região.

“A Covid-19 veio demonstrar que nos Açores – não somos a pior região do país em termos de números de enfermeiros, nada disso – mas nós temos os enfermeiros quase nos mínimos dos mínimos essenciais e em algumas situações existe, inclusive, falta [de enfermeiros]”, declarou.

O representante dos enfermeiros açorianos disse que quando foi preciso a aumentar as equipas de enfermeiros devido à Covid-19, não existiam profissionais suficientes.

“Quando nós precisámos de aumentar as equipas, nos não tínhamos enfermeiros para as aumentar. Tivemos de pôr enfermeiros a fazer turnos de 12 horas 15 dias seguidos. Eu tenho enfermeiros que fizeram 15 noites de seguida”, destacou.

Pedro Soares identificou “três grandes áreas” que são a “grande problemáticas” dos enfermeiros açorianos, que devem resolvidas o “quanto antes”.

Entres elas estão os “reposicionamentos” ao nível da carreira de enfermagem, o reconhecimento da profissão como de risco e a dotação do número de enfermeiros para o número de doentes.

“O correto número de enfermeiros já está legislado, mas agora a sua aplicação tem de ser revista rapidamente, corrigindo algumas situações do número de enfermeiros para o número de doentes em muitos dos serviços da nossa região”, afirmou.

O enfermeiro considerou também que o Serviço Regional de Saúde tem capacidade para “absorver” todos os 60 a 90 novos enfermeiros que saem da Universidade dos Açores anualmente.

Por sua vez, o líder do PSD/Açores referiu que é necessário apostar na “valorização da carreira” e na “compreensão” da profissão de enfermeiro, salientando que os decisores políticos não podem ficar “apenas no aplauso”, referindo-se aos aplausos das populações no reconhecimento aos profissionais de saúde.

“É preciso associar a gratidão ao reconhecimento e o reconhecimento não pode ficar feito apenas no aplauso”, disse.

Os Açores não registaram nas últimas 24 horas novos infetados pelo novo coronavírus e a região “não apresenta neste momento qualquer caso positivo ativo de infeção”, segundo a Autoridade de Saúde regional.

LUSA/HN

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