Em comunicado, a SRCOM pretende conhecer também as decisões que foram tomadas na reorganização do polo do Hospital Geral (Covões) e do polo dos Hospitais da Universidade de Coimbra nestes últimos 10 anos, após a fusão das duas unidades.
Em causa, segundo aquela estrutura, está em causa o desmantelamento de serviços do Hospital dos Covões, “de que tem resultado fortes e graves implicações em toda a capacidade assistencial”.
“O Hospital dos Covões e os Hospitais da Universidade de Coimbra são a referência assistencial para 2,3 milhões de pessoas, com intensa repercussão em inúmeras respostas a nível nacional”, refere o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, reiterando que Portugal “precisa dos cuidados de saúde prestados na região, ao invés da desqualificação de serviços”.
De acordo com o dirigente, “esta erosão permanente dos serviços e a perda de valências do Hospital dos Covões empobrece o país, pois o impacto vai muito para além de Coimbra e da sua região, prejudicando gravemente os cuidados de saúde aos doentes”.
Em carta enviada à ministra da Saúde, o presidente da SRCOM solicita toda a documentação com a fundamentação técnica da fusão dos dois hospitais, “em nome da transparência e do rigor”.
Com o mesmo teor, foram endereçadas cartas à Administração Regional de Saúde do Centro e ao conselho de administração do CHUC no sentido de se saber “se existe um estudo técnico ou se são conhecidos os argumentos para todas as decisões implementadas desde 2011”.
“Se existir, então que seja dado conhecimento. Caso não exista qualquer relatório técnico sobre transferência de serviços do Hospital Geral para os HUC e sobre a desclassificação do serviço de urgência, tal como a ministra da Saúde assumiu na Comissão Parlamentar de Saúde, então estamos perante algo de muito grave”.
Neste contexto, Carlos Cortes entende que “foram tomadas decisões fortuitas, inconsistentes, lesivas, sem qualquer validação científica e técnica”, que apelidou de “erros grosseiros que têm uma implicação direta na saúde das populações”.
“Verificamos que as decisões implementadas resultam numa diminuição da oferta em saúde na região Centro e, tê-las tomado desta forma, é irresponsável e moralmente inaceitável”, considera.
Para o presidente da SRCOM, “tem de existir uma responsabilização” e os responsáveis não podem ficar impunes, “como se nada tivesse acontecido”, depois de prejudicarem os cuidados de saúde e os doentes.
Segundo Carlos Cortes, perante a assumida ausência de estudos técnicos “em defesa da Saúde, dos doentes e do Serviço Nacional de Saúde na sua globalidade, as decisões tomadas têm de ser revertidas porque não têm validade”.
“Parte do novo conselho de administração do CHUC está a iniciar funções e tem já enorme fragilidade por ter também participado em decisões que muito pouco têm a ver com o espírito do SNS e com a própria missão do CHUC”, argumenta.
“Esta situação deve obrigar o próprio Ministério da Saúde a intervir diretamente, já que os responsáveis locais nunca o souberam fazer até agora”, acrescenta.
LUSA/HN
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