Após uma visita ao Hospital Magalhães Lemos, no Porto, na qual também estiveram presentes a diretora da Urgência Metropolitana de Psiquiatria do Porto e o coordenador regional de psiquiatria do Norte, António Araújo pediu uma “maior fluidez na coordenação de processos, na informação e no encaminhamento de doentes”.
“Não é admissível que um doente com necessidade de internamento psiquiátrico fique 12 horas à espera sentado numa cadeira numa sala exígua. Isto obriga a doses sobreterapêuticas de medicação para os manter calmos. Não é saudável para o doente e põe em risco o profissional de saúde”, descreveu o presidente da Ordem dos Médicos do Norte.
A Urgência Metropolitana de Psiquiatria do Porto está dividida em dois locais: o Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), que recebe os doentes urgentes, e o Hospital Magalhães Lemos, que trata o internamento de agudos de curta duração. Somam-se as unidades locais de psiquiatria.
António Araújo disse ter conhecimento de que “tem existido um grande tempo de espera entre a decisão pelo internamento e a transferência”, o que causa “tensão e risco relacionado à integridade física dos profissionais de saúde e dos doentes”.
O presidente da Ordem dos Médicos do Norte acrescentou saber que a Administração Regional de Saúde do Norte “está a par e a tentar resolver a situação” e que o CHUSJ fará “a curto prazo” obras para aumento do espaço da urgência de psiquiatria.
“Está encaminhado, mas é preciso recordar que a resolução deste problema é urgente”, disse António Araújo, somando ao leque de necessidades a carência de médicos, enfermeiros e auxiliares.
Outra das situações descritas e que preocupa a secção regional do Norte da Ordem dos Médicos é o facto de o Hospital Magalhães Lemos estar sem diretor clínico “há vários meses”.
“Esta situação põe em causa, e sem desprimor para os profissionais de saúde que cá trabalham, a qualidade dos atos médicos e a qualidade da formação dos médicos. Em última instância pode levar à retirada da idoneidade formativa a este hospital e a relocação dos internos que estão a fazer aqui a sua formação específica em psiquiatria”, descreveu António Araújo.
Questionado sobre que respostas obteve na visita desta manhã a esta questão, o responsável disse existir a expectativa de novidades “em uma ou duas semanas”.
Por fim, António Araújo lembrou também a necessidade de criação de unidades de cuidados continuados psiquiátricos, espaços que apoiem as unidades de internamento atuais e façam a ponte no regresso dos doentes psiquiátricos à comunidade.
“Há um número muito elevado de doentes a necessitar de uma retaguarda social que não têm. Não existem soluções para os retirar do internamento. É um número muito elevado que limita muito a necessidade de resposta aos doentes que necessitam de internamento”, disse.
Segundo dados disponibilizados nesta visita, calcula-se que entre 20 a 30% dos doentes internados estejam aptos para sair, mas não tenham retaguarda, o que num universo de cerca de 1.500 doentes psiquiátricos internados na região Norte corresponde a cerca de 300 a 400 pessoas.
LUSA/HN
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