Aumento da urbanização poderá fazer crescer número de mosquitos que preferem picar pessoas

23 de Julho 2020

O aumento da urbanização poderá levar mais mosquitos a tentarem alimentar-se através das picadelas em pessoas, explicita uma investigação desenvolvida em África e publicada na revista académica Current Biology.

Existem cerca de 3.500 espécies de mosquitos em todo o mundo, mas apenas uma pequena parte tem como objetivo a alimentação através das picadelas em seres humanos.

Contudo, um grupo de investigadores sugere que o aumento da urbanização poderá alterar os comportamentos destes animais.

De acordo com a agência espanhola Efe, os resultados de uma investigação feita em África, que foram, entretanto, publicados na Current Biology, demonstram que os principais fatores que contribuem para a proliferação das populações de mosquitos são os climas secos e a vida citadina.

Os investigadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, estudaram o modo como os mosquitos ‘Aedes aegypti’ – principal propagador de dengue, zika e febre amarela – ficaram “aficionados” às picadelas em pessoas.

Estes insetos, vulgarmente conhecidos como mosquitos da dengue, “são invasivos” nos trópicos e têm uma “forte preferência” por hóspedes e habitats humanos. Por isso, converteram-se em “importantes vetores de doenças”, explica a investigadora Carolyn McBride.

Na África subsaariana, principal área de proliferação desta espécie, estes mosquitos demonstraram uma “atação extremamente variável”, uma vez que podem ter preferência por humanos, mas também se alimentam de picadelas em animais.

Uma recolha destes animais feita em 27 localizações desta porção do território africano, permitiu determinar, em laboratório, que os mosquitos preferem pessoas ou animais em função do odor.

Os mosquitos encontrados em cidades com uma grande densidade populacional tinham preferência pelo odor dos humanos. O contrário também se verificava em áreas rurais.

Por essa razão é que os mosquitos que estão presentes em cidades como Kumasi, no Gana, ou Ouagadugu, capital do Burkina Faso, têm uma “maior disposição” para picar humanos.

Carolyn Mcbride disse que também foi possível verificar que em cidades “extremamente densas” ou que estão localizadas em “lugares com estações secas mais intensas”, há, de facto, uma tendência para estes animais preferirem pessoas.

O aumento da temperatura que se tem verificado por causa das alterações climáticas, assim como a crescente urbanização, poderão fazer aumentar a população de mosquitos que prefere alimentar-se através das picadelas em pessoas, podendo aumentar o risco de transmissão de doenças, conclui o estudo.

LUSA/HN

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