Cura de madeirense com cancro raro pode estar na comunidade no Reino Unido

27 de Julho 2020

A comunidade portuguesa no Reino Unido poderá ter a chave para a cura de António Ferreira, que reside em Jersey e sofre de um tipo raro de cancro e que procura um dador compatível para um transplante de células estaminais. 

O madeirense de 40 anos foi diagnosticado em 2017 com o síndrome de Sézary, um linfoma não-Hodgkin cutâneo de células T que provoca dor, comichão, sensação de ardor e vermelhidão da pele e a principal probabilidade de sobreviver é recebendo um transplante de ADN.

Apesar de ter quatro irmãos, a compatibilidade foi considerada reduzida pelos médicos, que consideraram o transplante um risco, pelo que continua uma busca mundial por um dador com o mesmo perfil genético e a solução poderá estar na comunidade portuguesa.

Segundo Nigel Gordon, relações públicas da associação DKMS, “é mais provável que o doador compatível seja alguém de origens semelhantes”.

A organização tinha planeado uma série de ações de sensibilização este ano junto da comunidade portuguesa em Londres, mas os planos foram afetados pela pandemia da Covid-19.

“Infelizmente, o coronavírus impediu-nos de realizar esses eventos”, disse à agência Lusa o responsável pela associação alemã cujo nome é uma sigla para “Deutsche KnochenMarkSpenderdatei”, o que significa Programa Alemão de Doadores de Medula Óssea.

O que mesmo assim esperam conseguir, através de um apelo lançado recentemente Aqui, é angariar mais doadores, o que é feito de uma forma simples.

Após o registo pela Internet, os voluntários, que têm de ter entre 17 e 55 anos, recebem em casa um ‘kit’ para retirar uma amostra de saliva, o que é feito em poucos minutos e de forma semelhante ao teste da Covid-19.

Esta amostra será analisada para identificar o perfil genético, o qual será adicionado a uma base de dados de alcance mundial, e as probabilidades de um doador ser chamado são reduzidas, mas para o madeirense é importante que o maior número possível de portugueses se registem.

Segundo a DKMS, negros, asiáticos ou pessoas de outras origens étnicas têm três vezes menos probabilidades de encontrar um doador compatível do que cidadãos caucasianos do norte da Europa.

António Ferreira mudou-se da Madeira para Jersey em 2008 onde trabalhou como jardineiro até identificar uma mancha vermelha nas costas.

A biópsia inicial não encontrou o cancro e foi tratada como se fosse um eczema ou dermatite.

Só cinco anos mais tarde, à medida que o estado de saúde se foi deteriorando e outros sinais apareceram, como caroços no corpo e a deformação das unhas, é que foi diagnosticado com o tipo raro de linfoma.

“Nos primeiros tempos ainda tentou continuar a trabalhar para ajudar a família, mas faltava-lhe força”, contou Osvalda Ferreira, a mulher de António, que o acompanha nas viagens a Londres todos os 15 dias para fazer tratamentos ao sangue que atenuam os sintomas.

Estes tratamentos foram suspensos durante o confinamento decretado devido à pandemia de Covid-19, bem como a hipótese de um tratamento inovador e experimental, e a família teve de se isolar para evitar o contágio pelo novo coronavírus.

Apesar de as visitas aos hospitais terem sido retomadas, António Ferreira anseia por voltar à jardinagem e por fazer uma vida normal com a mulher e a filha de 14 anos.

“Tentei várias vezes reagir à doença, mas a falta de força deixou-me pelo caminho. Consigo fazer alguma coisa, mas fico exausto”, lamenta.

Para Osvalda, o marido enfrenta uma corrida contra o tempo para fazer o transplante enquanto os órgãos vitais estão em funcionamento e a doença não afeta pulmões ou o fígado.

“Estamos dependentes da ajuda de alguém que não sabemos quem é”, admitiu.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Estudo revela ligação entre diabetes e envelhecimento cerebral precoce

Um novo estudo do Karolinska Institutet, publicado na revista Diabetes Care, revela que a diabetes tipo 2 e a pré-diabetes estão associadas a um envelhecimento cerebral acelerado. No entanto, a boa notícia é que este processo pode ser contrariado através de um estilo de vida saudável

Porque é que a pandemia de COVID terminou tão abruptamente?

Uma nova análise sugere que uma queda dramática nas mortes por COVID-19 entre 2022 e 2023 pode ser atribuída a uma transição de fase abrupta na estrutura molecular da proteína spike (também conhecida como proteína S. É uma estrutura que se projeta da superfície de alguns vírus, incluindo o SARS-CoV-2, o vírus responsável pela COVID-19.

Mpox: RD Congo inicia vacinação contra vírus com 265 mil doses

As autoridades congolesas iniciaram hoje a vacinação contra o vírus monkeypox (mpox), quase dois meses depois de o surto da doença que teve início no Congo ter sido declarado emergência global pela Organização Mundial de Saúde.

ASAE aplica 30 coimas em talhos e suspende atividade de um

Um talho viu a atividade suspensa e a outros 30 foram instaurados processos de contraordenação pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) no âmbito de uma operação de fiscalização a 163 estabelecimentos.

MAIS LIDAS

Share This