Secretário-geral da ONU preocupado com “vacinonacionalismo”

30 de Julho 2020

O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, mostrou-se esta quinta-feira preocupado com o "vacinonacionalismo", considerando que o tratamento ou vacina para a Covid-19 deverá ser "um bem público mundial".

“Sempre defendi que qualquer tratamento ou qualquer vacina que seja descoberta para o Covid-19, tem que ser considerada, ou considerado, um bem público mundial. Temos usado a expressão ‘a people´s vaccine’, uma vacina dos povos”, disse hoje António Guterres.

O Secretário-Geral da ONU e antigo primeiro-ministro de Portugal, foi hoje homenageado em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, por ter suspendido a construção da barragem do Côa, para salvaguardar as gravuras rupestres património da humanidade.

No final da sessão, António Guterres disse aos jornalistas que, como Secretário-Geral da ONU, vê “com grande preocupação a emergência daquilo a que se poderá chamar um ´vacinonacionalismo’, e cada vez mais países a consagrarem recursos para resolverem, um dia que haja vacina, o problema dos seus povos, mas esquecendo que se não houver uma vacina disponível e a preço acessível para todos, em toda a parte, ninguém ficará eficazmente protegido”.

“E, por isso, o meu forte apelo à solidariedade internacional, à unidade internacional. Temos de derrotar este ´vacinonacionalismo’ e temos que criar um verdadeiro compromisso mundial por um bem público global, por uma vacina dos povos”, sublinhou.

António Guterres declarou ainda que “vivemos num mundo numa situação muito difícil”.

“Falta-nos unidade, falta-nos solidariedade. Infelizmente, a Covid-19 tem posto o mundo de joelhos e o mundo não tem sido capaz de se unir para responder de uma forma eficaz a esta doença. E, por isso, a doença proliferou. Veio da China, passou pela Europa, para os Estados Unidos, foi para o Sul, e vemos uma enorme incapacidade dos países para se unirem”, afirmou.

António Guterres foi hoje homenageado, em Vila Nova de Foz Côa, na sessão comemorativa dos 10 anos do Museu do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, e dos 25 anos da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia (1995-2020).

O Museu do Côa começou a ser pensado logo nos primeiros dias da polémica da construção da barragem, no Baixo Côa, em 1995, mas foi apenas após a classificação da Arte do Côa como Património Mundial, em 1998, que o Governo português se comprometeu com a construção de um grande museu.

O primeiro projeto do Museu do Côa (1998) esteve pensado para o local do paredão da barragem do Baixo Côa, entretanto abandonada. Porém, por decisão governamental, o atual museu ganhou corpo em novo local, junto à foz do rio Côa.

A obra iniciou-se em janeiro de 2007 e o museu foi inaugurado em julho de 2010.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 667 mil mortos e infetou mais de 17 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.727 pessoas das 50.868 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

LUSA/HN

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