Presidente da ARS Alentejo recusa comentar críticas da Ordem dos Médicos

20 de Agosto 2020

O presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, José Robalo, recusou esta quinta-feira comentar as críticas da Ordem dos Médicos e remeteu a investigação do surto de Covid-19 de Reguengos de Monsaraz para as entidades competentes. 

Em comunicado divulgado na quarta-feira, a Ordem dos Médicos responsabilizou o presidente da ARS Alentejo pelos 162 casos de Covid-19 resultantes do surto no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, acusação à qual José Robalo respondeu lembrando que foi “aberto inquérito sobre os acontecimentos” pela Procuradoria-Geral da República e pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, que “são as entidades competentes para investigar os factos”.

“Toda a pertinência e dúvidas quanto às decisões que foram assumidas pelas entidades intervenientes neste processo serão devidamente esclarecidas, pelo que, nestas circunstâncias, nada temos a acrescentar”, concluiu o presidente da ARS Alentejo numa resposta escrita às questões colocadas pela agência Lusa.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, o bastonário dos médicos, Miguel Guimarães, considerou “inaceitável” o sucedido na localidade alentejana, defendendo que a pronúncia da ARS do Alentejo sobre o relatório da comissão de inquérito da Ordem acerca do Lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS) – conhecido em 06 de agosto e que apontou para o incumprimento das orientações da Direção-Geral da Saúde – não contestou as conclusões da auditoria.

A OM reiterou “as precárias condições do lar” e a insuficiência de recursos humanos, alegando ainda que “a definição de circuitos de limpos e sujos foi feita apenas nove dias após o primeiro caso confirmado”, que “o rastreio demorou cerca de três dias” e que “a decisão de transferir todos os infetados para um ‘alojamento sanitaìrio’ no pavilhão só ocorreu mais de duas semanas depois do início do surto”, quando jaì existiam oito mortos e 138 casos.

“A postura de negação e de desresponsabilização, associada à soberba e arrogância, por parte do Dr. José Robalo, é técnica e humanamente inaceitável, preferindo atacar a forma e os autores da auditoria, em detrimento de aproveitar o trabalho e as conclusões para que Reguengos não se repita”, pode ler-se na nota de imprensa divulgada, que acusa ainda José Robalo de violar “a lei em vigor, as regras éticas e deontológicas e os direitos humanos”.

O surto de Reguengos de Monsaraz, detetado em 18 de junho, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 pessoas (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

Portugal contabiliza pelo menos 1.786 mortos associados à Covid-19 em 54.701 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 787 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Morreu José Luís Pio Abreu, figura maior da Psiquiatria em Portugal

A HealthNews lamenta profundamente o falecimento do Professor Doutor José Luís Pio Abreu, uma das mais marcantes figuras da Psiquiatria portuguesa. Médico, professor, pensador e autor, Pio Abreu deixa um legado notável de conhecimento, reflexão e humanidade. Tinha 81 anos.

Obra de 2,8 ME no Centro de Saúde de Valença concluída em 2026

A reabilitação e ampliação do Centro de Saúde de Valença por mais de 2,8 milhões de euros arrancou na terça-feira e deve ficar concluída daqui a um ano, revelou hoje a autarquia. O investimento é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o prazo de execução é de 365 dias, disse, em comunicado, aquela autarquia do distrito de Viana do Castelo.

Médio Oriente: Hamas pede para população se afastar de “armadilhas mortais”

O grupo islamita palestiniano Hamas pediu hoje à população da Faixa de Gaza para se afastar de pontos de entrega de ajuda humanitárias que considera “armadilhas mortais”. Segundo o Hamas, os pontos de distribuição de alimentos e de ajuda humanitária de emergência têm sido alvo de disparos que já provocaram a morte a mais de 300 pessoas nas últimas três semanas.  

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights