Ordem revela que mais de metade dos médicos tiveram falta de equipamentos de proteção adequados no estado de emergência

17 de Setembro 2020

Mais de metade dos médicos inquiridos num estudo da Ordem dos Médicos revelaram não ter tido os equipamentos de proteção adequados para trabalhar durante o estado de emergência declarado por causa da pandemia de Covid-19.

Segundo os dados preliminares do estudo divulgados hoje, quando se assinala o Dia Mundial da Segurança do Doente, este ano dedicado aos profissionais de saúde, a proporção baixou para 31,7% após o final do estado de emergência, mas mesmo assim um em cada três médicos continuaram a reportar falhas da tutela na distribuição de materiais como máscaras, luvas ou fatos protetores (cogulas).

Os equipamentos mais frequentemente reportados como estando em falta foram as máscaras FFP2 (42,4%) e os fatos protetores (33,1%), mas as máscaras cirúrgicas também enfrentaram situações de rutura, recorda a Ordem dos Médicos (OM).

O estudo foi coordenado pela investigadora Filipa Duarte-Ramos, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e teve como base um questionário eletrónico enviado a todos os médicos e respondido entre 21 de junho e 01 de julho. Cerca de 2.500 médicos de todo o país responderam ao questionário.

“A segurança dos profissionais de saúde, pelo impacto que tem na vida dos próprios, das suas famílias e, também, dos doentes, foi desde a primeira hora uma das preocupações da Ordem dos Médicos, que insistiu várias vezes com o Ministério da Saúde para que o stock fosse devidamente reforçado”, recorda a OM, em comunicado.

A organização profissional associa-se, pela segunda vez, à iniciativa de hoje da Organização Mundial de Saúde na comemoração do Dia Mundial da Segurança do Doente, que este ano é dedicado aos profissionais de saúde e tem como mote: “Safe health workers, safe patients”.

“Esta recomendação recebe todo o apoio da Ordem dos Médicos, uma vez que a segurança dos profissionais de saúde tem de ser garantida ou então não será possível assegurar a segurança dos doentes”, sublinha a OM.

A Ordem considera que a segurança na prestação de cuidados de saúde é a condição essencial para uma melhor saúde e diz-se “disponível para continuar este desafio e para nele participar como agente da mudança para uma cultura de segurança na prestação de cuidados de saúde”.

“Aliás, durante a pandemia, a Ordem aderiu e coordenou várias iniciativas que permitiram colmatar algumas falhas na distribuição de material de proteção a várias instituições”, lembra a OM, recordando ainda que “só no âmbito da conta solidária Todos Por Quem Cuida foram ajudadas mais de mil instituições, desde centros de saúde, a hospitais, passando por lares, IPSS, bombeiros e forças de segurança”.

Correspondendo ao apelo à participação feito pela OMS e à proposta de iluminação de edifícios para comemorar a data, a Ordem dos Médicos vai hoje ter o seu edifício-sede, em Lisboa, iluminado de cor de laranja.

Desde o início da pandemia, morreram em Portugal 1.878 pessoas dos 65.626 casos de infeção confirmados.

Em todo o mundo, a Covid-19 já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de infeção.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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