“A situação na Casa de Repouso da Confraria do Bom Jesus dos Mareantes está descontrolada. É caótica, apesar das ajudas que nos foram chegando da Segurança Social que já tem, há alguns dias, uma brigada de Intervenção Rápida com três pessoas. Precisamos de ajuda”, apelou Miguel Alves.
Em declarações hoje à agência Lusa, o autarca socialista destacou que “os funcionários têm dado tudo e as famílias podem ter a certeza de total empenho da equipa, mas as pessoas são poucas e estão cansadas”, alertou, sublinhando que “70% dos funcionários da instituição estão infetados e foram enviados para casa”.
No sábado, a instituição recebeu os resultados “de uma segunda vaga de testes” que confirmaram a infeção pelo novo coronavírus em 59 utentes, sendo dois estão hospitalizados”, especificou.
“Quatro utentes não estão infetados. Temos a lamentar quatro óbitos de utentes nos últimos dias, um deles ocorreu esta noite”, destacou.
Segundo Miguel Alves, “neste momento, mais de 60 utentes estão na instituição e existem apenas dez funcionários para os acompanhar”.
“Pior, auxiliares de ação direta da Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) são apenas três, os outros funcionários são de serviços gerais (cozinha e limpeza) e técnicos, incluindo uma enfermeira e a própria diretora do lar”, reforçou Miguel Alves.
O autarca socialista apelou ao voluntariado ou quem esteja em condições de prestar serviços à instituição.
“Se as pessoas tiverem experiência no cuidado a idosos ou se têm vontade de ajudar num trabalho de auxílio indireto, devem contactar a Câmara ou a instituição. Da parte da Câmara, tudo será feito para ajudar. Temos tentado encontrar soluções institucionais, apoiamos financeiramente a instituição, suportamos os custos de estadia da brigada de intervenção rápida e estamos disponíveis para ir mais longe, mas precisamos de gente imediatamente”, referiu.
O autarca disse que, no sábado, contactou as autoridades de saúde, “pedindo mais proximidade e acompanhamento”, e a Segurança Social “solicitando a colocação de mais recursos humanos em Caminha, ainda hoje ou na segunda-feira”.
“Precisamos de recursos humanos. Precisamos de pessoas que se disponham a auxiliar os idosos diretamente ou a trabalhar em serviços como os de lavandaria. Temos este problema no lar dos Mareantes, problemas noutras instituições e o concelho está a viver o seu pior momento desde o início da pandemia”, disse.
Segundo Miguel Alves, “a diretora regional da Segurança Social está empenhada em colocar mais funcionários no lar ainda durante o dia de hoje”, adiantou.
“Outubro foi um mês medonho em que triplicamos o número de casos relativamente ao acumulado dos meses anteriores. Mas novembro está a ser pior: no dia 13 de novembro, já tínhamos mais casos novos do que os que tivemos durante todo o mês anterior. Em média, temos 11 novos casos por dia em Caminha. Por isso, compreendendo o cansaço, a necessidade de afetos, a vontade de ver a família, peço a todos que cumpram as regras, que evitem os almoços e jantares de família, que adiem as festas de aniversário, que tenham cuidado com as tradições como as matanças de porcos. Este ano tudo tem de ser diferente. Casos como o dos Mareantes não acontecem espontaneamente, vêm do exterior, do contacto com familiares, de uma festa ou se esteve mais à vontade. Não pode ser. O outro tem costas largas, mas este desafio é mesmo de cada um de nós”, exortou.
LUSA/HN
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