João Ribeiro explicou, em declarações à agência Lusa, que estes limites se vão expressar na área da saúde, mas também na economia, na sanidade mental dos cidadãos, na vida cultural, social e espiritual.
Por estas razões, defendeu, “assiste ao país, a responsabilidade coletiva de aliviar a pressão sobre o sistema”, o que só se consegue fazer “aliviando o número de casos diários de infeção” e com isso poupar vidas e reduzir o impacto da pandemia sobre a economia.
Se isso não acontecer, o preço a pagar é que “o sistema de saúde não vai conseguir responder à pressão assistencial” e isso não pode ser permitido.
No seu entender, o que não se pode permitir, “independentemente da liberdade de expressão”, são “atuações negacionistas, atuações libertárias, contestatárias daquilo que são as medidas que a ciência já demonstrou que são eficazes na redução do número de infeções”.
“A principal mensagem que neste momento temos que passar para a sociedade, para todos os cidadãos – que eu acho que ainda não foi bem explicada – é que todos temos direito à liberdade de expressão, todos temos o direito de contestar o conhecimento científico, as opções políticas, as opções de gestão, todos temos esse direito”.
Mas, acrescentou, se “neste momento não houver um compromisso global e coletivo de reduzir ao máximo o número de transmissão de infeções na comunidade, o país vai-se confrontar com os seus limites”.
“Eu surpreendo-me que as pessoas ainda não tenham interiorizado a relação que existe entre um determinado tipo de incumprimento de regras e as consequências que daí advêm”, desabafou, admitindo que provavelmente a mensagem não tenha sido “completamente clara” e a forma como foi comunicada também não tenha sido “a mais eficaz”.
João Ribeiro disse que nunca viu explicitado de “uma forma absolutamente clara” que o preço global do que está a acontecer não é só pago pelo número de pessoas muito idosas e muitos doentes que morrem. “Isso é uma ideia completamente falsa”.
Também se paga pela suspensão da vida familiar, social, cultural, religiosa e das atividades desportivas.
“As pessoas acham por exemplo que é uma maldade dos políticos ter, por exemplo, suspenso uma ida ao futebol. Não é uma maldade política, é uma consequência é o preço que tem que se pagar”, frisou.
Disse ainda ter “pena que se crie a ideia de que há uma seleção geracional”, uma ideia que está a passar muito “em certa medida alimentada por alguns profissionais da área da saúde (…) que alimenta depois os comportamentos desviantes da coletividade de muitos setores da comunidade, mas não é só neste país”.
“Há tantas e tantas empresas, tanto conhecimento produzido em torno do que são as melhores estratégias de comunicação e não se conseguiram fazer uns `spots’ informativos, criar ondas de divulgação nas plataformas sociais, não se conseguiu fazer sessões de esclarecimento nas escolas, mas empresas, não se conseguiu fazer nada…”, declarou.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,3 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 3.553 em Portugal.
LUSA/HN
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