Cruz Vermelha diz que assistência a lar de Alhandra foi feita “em poucas horas”

19 de Novembro 2020

O presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, assegurou hoje que as brigadas de intervenção para surtos da covid-19 “demoraram poucas horas” até prestar auxílio ao lar de Alhandra, em Vila Franca de Xira, onde morreram 21 idosos.

Uma notícia de hoje da TSF dá conta de que um surto da covid-19 vitimou mortalmente 21 utentes do lar da Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra, situado no concelho de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa.

Segundo a notícia, que cita o provedor do lar, as brigadas de intervenção rápida para surtos da covid-19 em lares, equipas que foram criadas pelo Governo e geridas pela Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), demoraram pelo menos uma semana a chegar a Alhandra.

Contudo, em declarações à Lusa, o presidente da CVP, Francisco George, afirmou que a intervenção das brigadas foi feita numa questão de poucas horas, após receber o pedido do lar.

“As brigadas da Cruz Vermelha Portuguesa responderam de forma muito rápida ao pedido que foi formulado exatamente no dia 06 de novembro às 17:00. No dia seguinte, pelas 08:00, sete agentes da ação direta e três auxiliares estavam já a trabalhar em Alhandra”, apontou.

Francisco George ressalvou, igualmente, que a equipa “foi constituída em número e categorias conforme o solicitado” pela direção do lar.

“A diminuição da equipa foi requerida pela própria instituição no dia 13 de novembro e, nesse sentido, no dia 14 permaneceram na instituição os três ajudantes de ação direta solicitados”, acrescentou o antigo diretor-geral da Saúde.

Também o presidente do Instituto de Segurança Social, Rui Fiolhais, adiantou à Lusa que a instituição a que preside “demonstrou disponibilidade permanente assim que foi declarado o surto” e, tendo sido detetada a necessidade de recursos humanos no lar, recorreu ao Instituto do Emprego.

“A Segurança Social recebeu no dia 05 de novembro o pedido da brigada de intervenção rápida para surtos da covid-19 em lares e foi ativada no dia seguinte. Em 07 de novembro, no espaço de 48 horas, a brigada estava ao serviço com 10 elementos, sete ajudantes de ação direta e três auxiliares de serviços gerais”, precisou o responsável.

Na interpretação de Rui Fiolhais, o atraso a que o provedor do lar se refere terá a ver com a necessidade inicial sentida com o pedido de recursos humanos ao Instituto do Emprego e Formação Profissional através do programa MAREES (Medida Apoio ao Reforço de Emergência de Equipamentos Sociais e de Saúde).

“Esse pedido foi na prática traduzido no dia 05, não é a mesma coisa dizer que a brigada chegou tarde, a brigada chegou em 48 horas após o pedido formal da sua intervenção”, disse, acrescentando que as brigadas que estão ou estiveram presentes em 122 pontos do país “têm tido o quadro de intervenção adequado”.

Rui Fiolhais disse ainda que estas equipas “são uma resposta intercalar para repor efetivos de recursos humanos” em falta nas instituições, “não substituindo funcionários”, ou seja, estão presentes nos locais “enquanto há necessidade, não ficando permanentemente – normalmente apoiam durante uma semana”.

O responsável adiantou que o lar da Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra vai ter um “pequeno reforço de quatro elementos das brigadas a partir do dia 21” (sábado) para permitir preencher lacunas, depois de terem regressado à instituição alguns elementos da mesma.

O presidente da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, disse hoje à agência Lusa que a população está “desesperada” com a situação do lar e que há um ambiente de “alarme” na vila, sobretudo pela “falta de informação”.

“Há pessoas que já chegaram ao ponto de dizer ‘corram com o lar daqui porque isto está a infetar a população toda’. As pessoas estão em desespero porque desconhecem a verdade e é só aquilo que se ouve na rua”, referiu o autarca.

Por outro lado, o autarca queixou-se de que as juntas de freguesia estão a ser postas à margem no combate à pandemia da covid-19.

Entretanto, o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, afirmou que a situação no lar é “um processo complicado” que neste momento “está controlado” e sublinhou que “tudo está a ser feito para que seja rapidamente ultrapassado”.

Segundo o presidente da câmara, o serviço de Proteção Civil municipal tem estado a acompanhar a situação “desde que o surto aconteceu”, assim como todas as entidades competentes, designadamente a Segurança Social e a autoridade de saúde local, “tentando minorar este problema que o lar tem”.

A Lusa não conseguiu, até ao momento, uma resposta da Associação Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra.

Portugal regista hoje 6.994 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia, e mais 69 mortes relacionadas com a covid-19, segundo o mais recente boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

LUSA/HN

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