Milhares de manifestantes protestaram em Madrid em defesa da saúde pública

30 de Novembro 2020

Milhares de pessoas marcharam este domingo em Madrid, em defesa do sistema público de saúde e contra a construção do novo hospital de emergência Isabel Zendal, considerando que a cidade precisa de mais meios humanos e menos de instalções físicas.

Empunhando cartazes clamando por “100% saúde pública”, os manifestantes marcharam ao ritmo de tambores pelas ruas da capital espanhola, respondendo ao apelo da plataforma “Maré Branca” (Marea Blanca) que reúne várias organizações profissionais.

Eram quase dez mil manifestantes, de acordo com os organizadores, e mais de dois mil, segundo as autoridades de Madrid.

De acordo com agências e a imprensa local, manifestantes defenderam em particular a preservação do sistema público de saúde, gerido pela região de Madrid, criticada pela sua falta de investimento, num dos epicentros da epidemia em Espanha.

Uma enfermeira, Lara García, protestou contra o peso de “funcionários em tempo parcial” e os “salários mais baixos do que noutras regiões [para não falar] noutros países”.

A manifestação acontece dois dias antes da inauguração do hospital pandémico de Madrid, construído em poucos meses pela região para aliviar o congestionamento nos hospitais da capital.

Muitos temem, porém, que esse novo estabelecimento, que pode acomodar até mil pacientes, capte recursos alocados para outros hospitais, em especial para o pessoal de saúde.

“O novo hospital é uma fraude absoluta para Madrid e para o povo de Madrid. Não é absolutamente necessário (…). Madrid tem leitos suficientes que poderiam ter sido usados”, disse a ex-enfermeira reformada Leonor Vallejo, 67 anos.

Segundo o jornal espanhol El Diario, os representantes dos 13 sindicatos e associações que convocaram o protesto exigem o aumento da contratação de pessoal de saúde, e criticam a construção do hospital Isabel Zendal.

“Eles querem abri-lo para tirar a fotografia e não têm pessoal de saúde”, censurou o secretário-geral das Comisiones Obreras de Madrid (CCOO Madrid), Jaime Cedrún, citado pelo jornal.

A porta-voz do movimento Sanitari@s Needari@s, Dora García, declarou que o Zendal é “um insulto à cidadania” e “uma despesa de dinheiro de milhões que riem da população”, e exigiu a melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde.

“Temos de nos reforçar com mais profissionais e com mais meios para fazer face não só a estas contingências, mas também para o dia-a-dia”, afirmou o secretário-geral da organização sindical da região de Madrid CSIT – Unión Profesional, José Ángel Montero, citado pelo jornal El Diario.

Espanha continua a ser um dos países europeus mais afetados pela pandemia, com mais de 44 mil mortes e mais de 1,6 milhão de casos, somados desde o início da pandemia.

A Covid-19 provocou pelo menos 1.453.074 mortos resultantes de mais de 62,5 milhões de casos de infeção, em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 4.427 pessoas dos 294.799 casos de infeção confirmados, segundo o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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