“Retomamos os pedidos tantas vezes repetidos e que só são justificados pela volatilidade sem precedentes da situação atual: desenvolvam-se todos os esforços necessários para adiar a apresentação do plano à Comissão Europeia”, apela o SPAC numa nota aos seus associados, a que a Lusa teve acesso.
“Assegure-se que o plano assenta em pressupostos de evolução do mercado reais e numa visão estratégica do papel da TAP para o desenvolvimento do país, para o qual todos estamos dispostos a fazer os necessários sacrifícios”, acrescenta.
Em causa está, segundo o sindicato, um comunicado divulgado na segunda-feira pelo Conselho de Administração da TAP sobre as projeções de retoma da procura utilizadas na elaboração do plano de reestruturação da TAP que citam os pressupostos assumidos pela IATA, em 24 de novembro, de que as vacinas serão distribuídas na segunda metade de 2021, embora pareça “provável que existirão desafios de produção e distribuição”.
“É este o cerne do problema para o qual temos vindo a alertar: nesta data, não existe nenhuma projeção de mercado que reflita os últimos desenvolvimentos relativos à aprovação, produção e distribuição de vacinas (que, como sabemos, arranca generalizadamente, sem problemas de produção e distribuição, em janeiro de 2021)”, refere.
“Os sindicatos sabem que não existe, a BCG sabe que não existe, a administração da TAP sabe que não existe”, sublinha.
O SPAC considera assim que a TAP está apenas a cumprir “zelosamente um burocrático dever”, “sem real preocupação pela defesa da empresa ou consideração pelos milhares de postos de trabalho afetados” e se prepara para aprovar um plano de reestruturação baseado numa projeção de mercado “que sabe mal fundamentada, impondo um ‘downsizing’ [redução] brutal à TAP do qual a empresa jamais recuperará”.
Isto, continua, “debaixo do aplauso de competidores, como a Ryanair, que prepara uma enorme expansão da frota já em 2021”.
O Governo esteve reunido esta noite em conselho de ministros extraordinário para apreciar o plano de reestruturação da TAP, segundo disse hoje à agência Lusa fonte do executivo.
A apresentação do plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia até quinta-feira é uma exigência da Comissão Europeia, pela concessão de um empréstimo do Estado de até 1.200 milhões de euros, para fazer face às dificuldades da companhia, decorrentes do impacto da pandemia de covid-19 no setor da aviação.
O plano prevê o despedimento de 500 pilotos e 750 trabalhadores de terra, assim como a redução de 25% dos seus salários, divulgaram os sindicatos, após reuniões com a administração do grupo.
O SPAC e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) têm vindo a apelar ao Governo que negoceie com Bruxelas o adiamento da apresentação do Plano de Reestruturação da TAP, denunciando que este está baseado em previsões de mercado “completamente desatualizadas”.
LUSA/HN
0 Comments