Em declarações à Lusa, no final de uma reunião com a administração do Centro Hospitalar do Médio Ave, João Paulo Carvalho disse que a escassez de enfermeiros “leva a que cada um tenha de fazer o trabalho de três”.
“Isto acarreta naturais perigos para a segurança tanto do profissional como do doente”, referiu.
Segundo João Paulo Carvalho, aquele serviço de urgência tem 65 enfermeiros, quando a Ordem considera que seriam necessários 118.
Por turno, estarão ao serviço 11 enfermeiros, mas a Ordem defende que deveriam ser 17 mais um chefe.
“Está a acontecer um recurso muito grande a horas extraordinárias, os enfermeiros fazem em média mais de 70 horas mensais, o que conduz a um desgaste muito grande”, disse ainda João Paulo Carvalho.
Os enfermeiros queixam-se ainda do muito frio que se regista no novo edifício de apoio do hospital de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, que construído expressamente para o combate à pandemia da Covid-19 e que acolhe doentes infetados ou com suspeitas de infeção.
Em causa estará um alegado problema com o sistema de aquecimento.
“A temperatura, ali, anda à volta dos 8 ou 9 graus, o que obriga a cobrir os doentes, maioritariamente idosos, com cobertores e mantas, enquanto os profissionais têm de atuar com várias camadas de roupa por baixo da farda”, criticou João Paulo Carvalho.
Na reunião desta manhã, a administração terá dito que o problema ficaria resolvido ainda durante o dia de hoje.
Os enfermeiros que trabalham naquele serviço de urgência vão juntar-se, hoje à noite, frente do hospital, num “protesto silencioso” contra as atuais condições de trabalho.
“Mais do que um protesto, será um grito de alerta, para a tutela olhar para a situação com olhos de ver e aumentar os recursos humanos, para segurança de todos”, rematou João Paulo Carvalho.
Contactada pela Lusa, a administração do Centro Hospitalar do Médio Ave não quis fazer qualquer comentário.
LUSA/HN
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