Brasil autoriza uso de emergência das vacinas Sinovac e AstraZeneca

17 de Janeiro 2021

A agência reguladora sanitária brasileira (Anvisa) autorizou hoje o uso de emergência das vacinas contra a covid-19 produzidas pelo laboratório chinês Sinovac e pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, o último passo para iniciar a imunização no Brasil.

O Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia, com 209.296 mortes associadas à covid-19 e 8.455.059 casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o relatório divulgado no sábado pelo Ministério da Saúde.

Com três votos a favor da autorização – e com dois membros da direção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda por votar – a entidade reguladora aprovou o uso de emergência das duas vacinas, após uma reunião de cinco horas, que foi transmitida em direto.

Durante a reunião, os cinco membros da direção da Anvisa analisaram as opiniões e pareceres de 50 especialistas de três áreas técnicas, segundo relataram as agências internacionais.

Meiruze Freitas, que apresentou os pedidos, foi a primeira a votar, e condicionou a aplicação da vacina à assinatura e publicação, antes de 28 de fevereiro, de um compromisso sobre a capacidade da vacina para estimular o sistema imunitário e produzir anticorpos, pelo Instituto Butantan, a entidade que produz no Brasil a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.

Os pedidos para a utilização de emergência das vacinas foram enviados à Anvisa há dez dias, a 8 de janeiro, apenas horas após as taxas de eficácia terem sido divulgadas.

O primeiro pedido foi da chinesa ‘Coronavac’, que tem 50,4% de eficácia e foi desenvolvida pelo laboratório Sinovac e pelo Instituto Butantan, um dos mais prestigiados centros de investigação médica do Brasil e ligado ao governo regional do estado de São Paulo.

O governo de São Paulo já comprou 46 milhões de doses da vacina, das quais 6 milhões estão disponíveis e as restantes estão em produção no instituto brasileiro.

Depois chegou o pedido da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, que é 70% eficaz e foi a aposta do Governo nacional, chefiado por Jair Bolsonaro, que comprou 100 milhões de doses e negociou a transferência de tecnologia para que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possa produzir integralmente mais 110 milhões.

Há pouco mais de uma semana, o governo do líder de extrema-direita decidiu incluir a vacina chinesa no seu plano nacional de imunização e optou por comprar 100 milhões de doses ao Instituto Butantan, incluindo as que serão utilizadas em São Paulo.

Ambos as vacinas foram testadas no Brasil nas três fases, um dos principais requisitos da Anvisa para autorizar o uso de emergência de uma vacina.

Com estas duas vacinas, o governo tem luz verde para iniciar a campanha de imunização no Brasil, numa altura em que a segunda vaga da pandemia está a aumentar, com metade do país em alerta devido ao aumento de mortes e infecções, e com o estado do Amazonas a entrar em colapso devido à falta de oxigénio e hospitais sobrelotados.

Com quase 210.000 mortos, o Brasil é o segundo maior país do mundo em termos de número de mortes, atrás dos Estados Unidos, e a terceira maior nação em termos de número de pessoas infectadas (8,4 milhões), depois dos Estados Unidos e da Índia.

A pandemia da doença covid-19 já provocou pelo menos 2.022.740 mortos resultantes de mais de 94,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus (SARS-Cov-2) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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