Em declarações à agência Lusa, o antigo diretor-geral da Saúde lembrou que “no dia 14 de dezembro de 2020, a CVP vendeu 55% das ações que detinha na gestão do hospital à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML)” e que desde então não teve mais contactos com a comissão executiva do Hospital da Cruz Vermelha (HCV), garantindo que a organização “é só proprietária do edifício” e que esta decisão “não condiciona em absolutamente nada” a CVP.
“A atual administração entrou em funções sem a CVP, que deixou de ter qualquer participação na sociedade de gestão. A maioria do capital social da sociedade gestora é detida pela SCML. Assim, o presidente do conselho de administração – que era até 14 de dezembro o presidente da CVP – passou a ser o provedor da SCML, que nomeou como presidente da comissão executiva o doutor Francisco Ramos”, sublinhou.
Questionado se ficava surpreendido com a denúncia feita por Francisco Ramos de irregularidades no processo de seleção para vacinação de profissionais de saúde do HCV contra a covid-19, Francisco George recusou fazer comentários, mas saiu em defesa do ex-coordenador da ‘taskforce’, de quem disse ser “amigo pessoal há muitos anos”.
“Não falei com ele sobre este assunto. Francisco Ramos é uma pessoa de grande integridade, com quem trabalhei sempre e por quem tenho uma estima que considero que é recíproca. E é um dos políticos portugueses que está com inteira integridade nos atos de gestão que pratica”, referiu, acrescentando: “Se o programa de vacinação não foi regular no seu hospital – como ele diz -, compreendo que a solução teria de ser essa”.
O coordenador da ‘task force’ para o Plano de Vacinação contra a covid-19 em Portugal, Francisco Ramos, demitiu-se do cargo, anunciou hoje o Ministério da Saúde.
Em comunicado, o Ministério esclareceu que a demissão de Francisco Ramos decorre de “irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva”.
Numa declaração enviada às redações, Francisco Ramos acrescentou que as irregularidades diziam respeito ao processo de seleção para vacinação de profissionais de saúde daquele hospital.
O Ministério da Saúde indicou que o funcionamento da `task force´ “mantém-se assegurado pelos restantes membros do núcleo de coordenação”, composto por elementos do Ministério da Defesa Nacional, Ministério da Administração Interna, Direção-Geral da Saúde e Autoridade Nacional do Medicamento.
A demissão ocorre numa altura em que são públicas diversas situações de vacinação indevida de várias pessoas em várias regiões do país e no dia em que arranca a vacinação em centros de saúde de idosos com 80 ou mais anos e de pessoas com mais de 50 anos com doenças associadas, numa fase que abrange cerca de 900 mil portugueses.
LUSA/HN
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