O especialista em segurança alimentar e doenças animais da OMS Peter Ben Embarek fez hoje um resumo da investigação levada a cabo por uma equipa de cientistas chineses e da OMS sobre as possíveis origens do novo coronavírus em Wuhan, a cidade chinesa onde os primeiros casos de Covid-19 foram diagnosticados.
O Instituto de Virologia de Wuhan, um dos principais laboratórios de pesquisa de vírus da China, construiu um arquivo de informações genéticas sobre coronavírus em morcegos, após o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, que surgiu no país asiático, em 2003.
Isto levou a alegações de que a Covid-19 poderia ter saído daquelas instalações, teoria promovida pelo anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Juntamente com cientistas do instituto, a equipa da OMS, que inclui especialistas de 10 países, visitou hospitais, institutos de pesquisa e o mercado de frutos do mar onde foram diagnosticados os primeiros casos.
“As nossas descobertas iniciais sugerem que a introdução, através de uma espécie hospedeira intermediária, é o caminho mais provável, o que exigirá mais estudos e pesquisas mais específicas”, disse Embarek.
“No entanto, as descobertas sugerem que a hipótese de se tratar de um incidente num laboratório é extremamente improvável”, acrescentou.
Os investigadores chineses anunciaram que não encontraram o animal que está na origem do novo coronavírus.
A transmissão para o ser humano a partir de um animal é provável, mas “ainda não foi identificada”, disse Liang Wannian, chefe da delegação de cientistas chineses.
Wuhan, cidade localizada no centro da China, diagnosticou os primeiros casos do novo coronavírus no final de 2019, no que as autoridades de saúde designaram então de “pneumonia por causa desconhecida”.
Os investigadores disseram não ter encontrado indícios da presença do vírus em Wuhan antes de os primeiros casos terem sido diagnosticados.
“Nos dois meses anteriores a dezembro não há evidências de que o [vírus] estivesse a circular na cidade”, disse Liang, em conferência de imprensa da OMS sobre os resultados da sua investigação.
A missão da OMS sobre as origens da transmissão do vírus é importante para prevenir a ocorrência de futuras epidemias, mas só se concretizou passado mais de um ano depois de os primeiros casos terem sido diagnosticados.
Pequim continuou a negar os pedidos de uma investigação estritamente independente.
A investigação é extremamente sensível para o regime comunista, cujos órgãos oficiais têm promovido teorias que apontam que o vírus teve origem em outros países.
A visita dos especialistas acontece depois de longas negociações com Pequim, que incluíram uma rara reprimenda por parte da OMS, que afirmou que a China estava a demorar muito para fazer os arranjos finais.
A OMS já tinha alertado que seria necessário ter paciência antes de encontrar a origem do vírus.
Lusa/HN
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