“A vacina que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda para Timor-Leste é a AstraZeneca, mas temos visto na Europa alguns debates sobre as faixas etárias a que pode ser dada”, disse Taur Matan Ruak aos jornalistas.
“Há algumas dúvidas e por isso o Conselho de Ministros ainda não fez a decisão final. Continuamos a recolher informação da OMS para garantir que a vacina é adequada”, considerou.
Taur Matan Ruak, que falava depois do seu encontro semanal com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, disse que “de forma geral a vacina é adequada, mas que é preciso ter certeza sobre a sua eficiência e eficácia”.
A Lusa tentou várias vezes sem sucesso obter um comentário do novo responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Timor-Leste, Arvind Mathur.
Em entrevista à Lusa na quarta-feira, a ministra da Saúde timorense, Odete Belo garantiu ainda que, seguindo uma recomendação da OMS, o plano apresentado em Conselho de Ministros prevê que a vacina seja dada também a pessoas com mais de 67 anos, ficando excluídos menores de 17 e mulheres grávidas.
“O plano tem a afirmação concreta de que a vacina se pode dar a maiores de 67 anos”, reiterou.
A questão da idade limite para a vacinação com a AstraZeneca tem suscitado amplos debates, especialmente na Europa, com países como a Irlanda, que decidiu não inocular pacientes com mais de 70 anos ou a Alemanha a não inocular maiores de 65.
Em alguns países, a opção foi de recorrer a outras vacinas, como as da Pfizer e da Moderna, para os mais idosos, ainda que essa opção pareça para já excluída no caso de Timor-Leste, visto as condições do país não serem compatíveis com as exigências, em termos de armazenagem, dessas vacinas.
Em causa, mais do que a eficácia ou não da vacina para esses grupos etários, está a questão de que ainda não há dados suficientes de testes clínicos que demonstrem a sua eficácia nos mais idosos.
Odete Belo disse que o Governo quer iniciar a vacinação contra a Covid-19 a 07 de abril, Dia Mundial da Saúde, garantindo que as vacinas serão gratuitas e vão abranger tanto timorenses, como estrangeiros.
O plano de vacinação, que tem vindo a ser desenhado por uma equipa técnica multidisciplinar e que envolve especialistas de agências como a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi apresentado pela primeira vez na quarta-feira ao Conselho de Ministros.
Ainda que as primeiras vacinas sejam esperadas em Timor-Leste entre o final de fevereiro e o início de março, Odete Belo disse à Lusa que antes de começar a vacinar é necessária uma campanha de informação e sensibilização.
Paralelamente, sublinhou, é preciso preparar, com o apoio da OMS e da Unicef, os aspetos logísticos da vacinação em si, incluindo formação de quadros e um sistema de ‘tracking’ dos vacinados para assegurar que tomam as duas doses.
Recorde-se que Timor-Leste vai receber os primeiros 20% das suas necessidades de vacinação através do fundo internacional Covax, destinado a apoiar os países com mais carências e vulnerabilidades.
No caso de Timor-Leste, recorrerá à vacina AstraZeneca, por ser considerada “a vacina mais apropriada” para o país, dado que pode ser preservada em frigoríficos, entre dois e oito graus centígrados.
O mapa indicativo de distribuição prevê que Timor-Leste receba 100.800 doses na fase inicial.
A governante explicou que, no primeiro grupo de 20% da população a ser vacinada, a prioridade será para funcionários da linha da frente, especialmente na zona da fronteira terrestre, para equipas que estão diretamente envolvidas no combate à Covid-19, maiores de 60 anos e pessoas com comorbilidade.
Daí que a primeira fase de vacinação, dos primeiros 20%, decorra entre 07 de abril e junho.
A coordenadora geral da comissão responsável pelo combate à Covid-19, Odete da Silva Viegas, disse que a estimativa é de que os 20% iniciais – fornecidos através da Covax – abranjam 263 mil pessoas, com cerca de 39.450 a corresponderem a equipas da linha da frente e 65.750 a pessoas com doenças crónicas.
Cerca de 105.200 correspondem a pessoas com mais de 60 anos e os restantes 52.600 a pessoas de uma “segunda linha da frente”, como professores, padres e outros, explicou.
Lusa/HN
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