O projeto LactoMTeC visa agregar conhecimento e experiência da tecnologia de separação por membranas para contribuir para resolver problemas associados à gestão de efluentes do setor dos laticínios, além de “alavancar o uso dos seus subprodutos de alto valor nutricional” como a proteína e a lactose.
“Percebemos que o setor dos laticínios tem aqui uma boa oportunidade, porque trata os efluentes que têm uma grande carga orgânica. Por um lado, valoriza a água e, depois, as matérias que ficam são conteúdos nutricionais do leite”, explicou à agência Lusa a investigadora responsável do projeto, Rita Martins.
No fundo, a tecnologia de separação por membranas permitirá, por um lado, diminuir a poluição causada pelas águas residuais da produção de queijos e, por outro, reaproveitar “matéria-prima que normalmente é descartada”.
“Se a retirarmos e reaproveitarmos, podemos introduzir como matéria-prima noutros setores de atividade, como a suplementação alimentar”, apontou a investigadora.
Ao nível tecnológico, o projeto LactoMTeC pretende promover o tratamento das águas residuais possibilitando o seu descarte ou a sua reutilização, de acordo com o quadro legal em vigor, assim como a valorização de subprodutos provenientes dessas mesmas águas, recuperando nutrientes e promovendo um conceito de bio economia circular.
Além disso, acrescentou Rita Martins, o projeto tem “uma grande componente interativa”, uma vez que é de “transferência de tecnologia e não de investigação”, procurando mostrar aos diversos agentes que “existe tecnologia que permite fazer estas utilizações”.
A inovação é “muito ao nível do processo”, uma vez que “não existia um estudo desta tecnologia para estes processos agroindustriais”, que tem “várias vantagens”.
“Ao nível dos próprios processos de tratamento, este setor tem ainda poucos recursos tecnológicos que possa utilizar. Há uma clara necessidade de processos de tratamento e o que torna este processo vantajoso é que permite a separação clara das duas componentes, água e subprodutos, o que traz ainda mais valor”, frisou Rita Martins.
A tecnologia de separação por membranas constitui “um pilar estratégico” da CEBAL para o seu crescimento através do envolvimento com o tecido produtivo da região, explicou o centro de biotecnologia em comunicado, conduzindo a um “aumento do conhecimento científico e tecnológico” no Alentejo.
A sua transferência para o setor do tratamento de águas residuais do setor dos laticínios é o resultado de “vários anos” de investigação e aplicação noutros setores da economia alentejana.
“Acabámos por perceber que tínhamos de ir experimentar ‘in loco’ nos diferentes setores empresariais e, aqui no Alentejo, os que têm mais relevância são o vinho, o azeite e o queijo. Por isso começámos por explorar nestes setores, de uma forma muito vincada com a parte da água”, explicou Rita Martins.
A tecnologia de separação por membranas é um processo de separação por meio de “membranas artificiais” com capacidade de retenção de “diferentes componentes em vários níveis de filtragem”.
Lusa/HN
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