Boris Johnson defende restrições nas fronteiras após serem detetados casos de variante descoberta no Brasil

1 de Março 2021

O primeiro-ministro britânico defendeu esta segunda-feira as restrições nas fronteiras para controlar a pandemia Covid-19, que incluem a proibição de voos de países como Portugal, após terem sido encontrados no Reino Unido casos de uma variante descoberta no Brasil.

Em declarações aos jornalistas durante uma visita a Stoke-on-Trent (centro da Inglaterra), Boris Johnson disse que o Governo britânico decretou medidas, incluindo quarentenas obrigatórias em hotéis designados, “o mais rápido possível”.

Defendeu também que o sistema de restrições nas fronteiras no Reino Unido, o qual também exige um total de três testes diagnósticos antes e depois de chegar ao país, “é um dos mais rígidos do mundo”.

No entanto, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou o Governo de “não ter protegido as fronteiras adequadamente” e de se ter atrasado a aplicar a estratégia, em vigor desde 15 de fevereiro, de forçar a quarentena em hotéis de viajantes de países onde foram identificadas variantes de risco.

Starmer entende que o Governo, que só permite viagens “essenciais”, também deveria impor restrições a mais países considerados de menor risco porque o Reino Unido está suscetível à entrada de infeções por rotas de escala.

A controvérsia surgiu após terem sido encontrados no Reino Unido seis casos da variante P1, inicialmente descoberta na cidade de Manaus, no Brasil, que possui mutações que poderão tornar as vacinas menos eficazes.

Três casos foram encontrados na Escócia em pessoas que voaram do Brasil via Paris e Londres até Aberdeen, no norte da Escócia, e outros dois foram encontrados em South Gloucestershire, sul de Inglaterra, depois que uma pessoa ter regressado do Brasil em 10 de fevereiro, cinco dias antes do início do sistema de quarentena em hotel.

Porém, um sexto caso continua por identificar porque a pessoa não preencheu corretamente os detalhes de contacto no seu formulário do teste, desencadeando uma corrida contra o tempo das autoridades para fazer o rastreamento e evitar a propagação desta variante.

O Reino Unido suspendeu voos diretos de Portugal e outros 32 países da América do Sul e sul de África e apertou as restrições das fronteiras para proteger o plano de vacinação, que já imunizou mais de 20 milhões de pessoas com uma primeira dose.

Na sexta-feira, o embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, insurgiu-se contra as medidas “desproporcionadas e injustas”, num artigo publicado no jornal Daily Telegraph, e argumentou que Portugal deve sair da lista de países sujeitos a quarentena em hotel que custa 1.750 libras (2.020 euros) por pessoa.

“A meu ver, submeter qualquer ser humano a um regime de quarentena extrema, sob vigilância de seguranças, por um período de dez dias, e às suas próprias custas, não é algo que deva ser considerado”, argumentou.

O diplomata defendeu que os viajantes portugueses e britânicos que cheguem ao Reino Unido vindos de Portugal possam cumprir quarentena “no calor e conforto das suas próprias casas”.

O Governo britânico tenciona manter as atuais medidas até 17 de maio, dependendo as alterações de um estudo com recomendações para mitigar os riscos a completar até meados de 12 de abril.

O Reino Unido registou quase 123 mil mortos durante a pandemia Covid-19, o balanço mais alto na Europa e o quinto a nível mundial, atrás dos Estados Unidos, Índia, Brasil e México.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.531.448 mortos no mundo, resultantes de mais de 114 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.351 pessoas dos 804.956 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA/HN

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