Investigação sobre origem do vírus inclui gatos, coelhos e cães como intermediários e transmissores para humanos

30 de Março 2021

A missão científica encarregada pela Organização Mundial da Saúde de investigar a origem da pandemia considera que é muito provável que o coronavírus SARS-CoV-2 tenha passado do reino animal para os humanos, mas ainda não determinou como aconteceu.

A hipótese do salto indireto, ou seja, por meio de uma espécie intermediária, é a que mais peso tem no relatório final os especialistas, hoje apresentado em Genebra, elaborado nos últimos meses para identificar a génese da pandemia de Covid-19.

No entanto, ainda não há provas suficientemente fortes para apontar para uma espécie em particular, apesar do facto de os pangolins serem os principais suspeitos.

Das quatro hipóteses avançadas pela equipa internacional de cientistas que esteve em Wuhan (China) – habitualmente indicada como a cidade onde foi detetado o primeiro caso – para investigar a origem da pandemia, a que é considerada menos provável é a que aponta para um acidente de laboratório.

A hipótese de salto direto da espécie portadora do coronavírus para uma pessoa parece-lhes uma probabilidade um pouco maior do que a da propagação do SARS-COV-2 na espécie humana através de um alimento congelado.

Em relação à hipótese inicial (transmissão por uma espécie intermediária), que aparece no relatório como a mais plausível, os cientistas lembram que os dados genómicos recolhidos em animais indicam que os coronavírus mais próximos do causador de Covid-19 foram encontrados em morcegos e pangolins, o que mostra que esses mamíferos podem atuar como reservatórios naturais.

No entanto, a conclusão não é concreta já que “nenhum dos vírus que foram identificados nessas espécies são suficientemente semelhantes ao SARS-CoV-2 para serem seus progenitores diretos”, explica o relatório.

Da mesma forma, o facto de que, neste período de pandemia, vários outros mamíferos – como gatos ou martas – terem sido propensos ao contágio indica que não se pode excluir que outro animal tenha servido de ponte para o contágio em humanos.

Outro elemento que serve de dúvida para a possibilidade de os morcegos terem sido os responsáveis pelo contágio é que o vírus não foi detetado em amostras e análises de populações de morcegos e de outros animais selvagens em toda a China.

“Foram recolhidas mais de 80 mil amostras de animais selvagens, gado e aves em 31 províncias da China e não houve resultados que pudessem ser identificados com o novo coronavírus”, afirmam os cientistas no documento hoje apresentado.

O que não há dúvida, porque a ciência o estabeleceu, é que a grande maioria dos vírus emergentes têm origem em animais, mas a investigação amplia o círculo de animais que podem ter servido como intermediários e transmissores para humanos, incluindo agora coelhos, cães, guaxinins e gatos domesticados.

A hipótese de um acidente de laboratório é vista pela missão da Organização Mundial de Saúde como improvável, desde logo porque não há registo de nenhum laboratório que tenha trabalhado, antes de dezembro de 2019, com um vírus parecido com o do SARS-CoV-2 ou estudado genomas que, combinados, pudessem dar dar-lhe origem.

Sobre os três laboratórios em Wuhan, que os cientistas puderam visitar brevemente e que trabalham com o coronavírus, todos foram vistos como tendo altos padrões de biossegurança e gestão.

Ao contrário de certas informações que têm circulado, o relatório afirma que não houve, entre os trabalhadores, qualquer pessoa que tenha apresentado sintomas compatíveis com Covid-19 nas semanas e meses anteriores ao final de 2019.

LUSA/HN

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