“A nossa palavra em relação à imunização é esperança. Já temos doses suficientes para os próximos meses e é possível garantir que até ao final de 2021 teremos toda a população totalmente vacinada”, disse Marcelo Queiroga ao ser questionado por jornalistas sobre o ritmo lento da vacinação no país devido à escassez de medicamentos.
O governante destacou que a prioridade número um do Governo é a campanha de imunização e lembrou que desde maio de 2020 o país participa em pesquisas com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, que resultarão na transferência de tecnologia para o fabrico de vacinas.
O ministro da Saúde defendeu o Governo liderado pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que chegou a colocar em causa a eficiência e a segurança das vacinas e desautorizou publicamente compras destes medicamentos, nomeadamente a vacina da Sinovac.
Queiroga disse que o país aplica imunizantes desde janeiro passado, quando as vacinas da AstraZeneca e da Sinovac tiveram o uso de emergência aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador do país.
“Logo que a Anvisa aprovou as vacinas, nós começamos imediatamente a aplicá-las em janeiro (…) Neste sentido não há que falar em atraso de vacinação no Brasil. Nós começámos a nossa vacinação assim que a lei nos permitiu”, apontou.
Jornalistas questionaram a OMS e o ministro do Brasil se mortes provocadas pela pandemia no país, que na véspera superou a marca de 400 mil óbitos, poderiam ter sido evitadas.
O gerente de Incidentes da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Sylvain Aldighieri, evitou fazer críticas ao Brasil ao responder em nome da OMS e destacou que a região das Américas notificou nos últimos 15 meses 62 milhões de casos e mais de 1,5 milhões de óbitos.
Segundo Aldighieri, nos últimos meses as medidas de saúde pública não foram bem implementadas nos países da América do Sul e Central, principalmente devido às festas de final de ano e comemoração de feriados como o Carnaval e a Páscoa, e, por isto, aconteceram mortes evitáveis na região.
Mariângela Simão, diretora geral assistente da OMS, disse que a organização vê com extrema tristeza a letalidade do vírus no Brasil, mas também preferiu destacar que o número elevado de mortes está a acontecer em vários países do mundo.
A responsável da OMS enumerou tratamentos e o uso de oxigénio e de alguns medicamentos que já estão a ajudar pacientes em estado grave e defendeu ser “extremamente importante reduzir a pressão nos sistemas de saúde”.
“Para isto, temos de reduzir a transmissão na comunidade através de medidas que já foram mencionadas inclusive pelo ministro [da saúde do Brasil], como o distanciamento físico, uso constante de máscara, higienização das mãos, procura dos contactos e diagnóstico precoce da Covid-19 para romper as cadeias de transmissão”, disse Mariângela Simão.
“É com imensa tristeza que a gente vê este número de mortes no Brasil e também em outros países e, infelizmente, constatamos que algumas destas mortes, provavelmente muitas delas, poderiam ser evitadas”, acrescentou.
Já o ministro brasileiro afirmou que “não será na base da lei” que o Governo vai garantir a adesão da população às medidas de prevenção da doença.
“Acho fundamental o empenho de todos, não só das autoridades sanitárias dos três níveis – federal, estadual e municipal -, mas [também] a adesão da população a estas medidas sanitárias. Não vai ser na base da lei que vamos fazer isto. Temos de consciencializar as pessoas acerca das medidas não farmacológicas para reduzir a circulação do vírus e para que tenhamos um combate mais efetivo desta pandemia”, defendeu.
Queiroga disse que o Brasil continua a monitorizar as diferentes estirpes do vírus que existem ou que podem surgir e também lamentou informações recebidas pela população que lançam dúvidas sobre a eficácia ou segurança de certas vacinas, o que desincentiva algumas pessoas em irem ser vacinadas.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 401.186 vítimas mortais e mais de 14,5 milhões de casos confirmados de Covid-19.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.168.333 mortos no mundo, resultantes de mais de 150,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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