“Vamos acabar a vacinação das pessoas acima de 30 anos entre fim de julho e início de agosto e nessa altura vão começar a vacinar-se as pessoas com 20 anos”, disse Henrique Gouveia e Melo aos jornalistas à margem do evento eHealth Summit.
O coordenador da ‘Task Force’ explicou que, quando se chegar à faixa etária dos 18 anos, estará vacinada de “grosso modo” mais de 90% da população.
“É muito provável que, com essa taxa de vacinação, o vírus continue a persistir de forma endémica na população”, afirmou, acabando “por morrer” porque não tem como se propagar na comunidade.
Por isso, disse ainda Gouveia e Melo, pode não ser necessário vacinar as crianças porque, ao vacinar-se 70%, 80%, 90% da população, está-se a proteger as crianças.
Na sua intervenção no eHealth Summit, Gouveia e Melo afirmou que o processo de vacinação tem sido “uma longa escadaria” em que ainda não se vê “o fim da escadaria”.
“Quando subimos um degrau, há sempre mais um para subir e nós estamos numa fase em que ainda estamos a subir degraus, ou seja, o mês de junho e julho serão os meses com o maior ritmo de vacinação diária”, com cerca de 100 mil administrações por dia e nalguns dias acima desse valor.
Até agora, Portugal já administrou cerca de cinco milhões de vacinas e até ao final do processo serão dadas 15 a 17 milhões, o que significa que se está “a um terço do processo”.
Gouveia e Melo salientou o facto de as pessoas mais idosas já estarem protegidas, o que já é visível na taxa de internamentos e de óbitos por covid-19, mas disse que agora é preciso “libertar a economia” e “libertar o país deste vírus”.
Realçou também a importância da tecnologia no processo de planeamento, agendamento e de distribuição de vacinas a mais de posto de vacinação do país.
Presente no evento, o presidente dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH), Paulo Sousa, afirmou que não estavam preparados para uma tarefa destas.
“Coincidentemente o SUCH estava a acabar um polo logístico que já tinha frio, em congelação e refrigeração, e, por causa das vacinas, estruturou o polo logístico com ultracongelação e, a partir daí, o mais difícil foi o armazenamento, porque ninguém conhecia as vacinas que iam chegar”, recordou Paulo Sousa no evento sobre inovação e transformação digital em saúde organizada pelo Ministério da Saúde no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Paulo Sousa elucidou que no início chegaram a distribuir “dois frascos” em centros de vacinação para garantir “uma pequena distribuição equitativa, respondendo ao planeamento, e hoje distribuem “viaturas cheias de vacinas”.
“Foi um caminho de aprendizagem para o qual não estávamos preparados, mas que a obrigação e a necessidade aguçaram o engenho e, portanto, pensamos que é uma vitória ganha, esperemos não encontrar nenhum obstáculo imprevisto”, afirmou.
Anunciou ainda que “o pico” da chegada de vacinas e da sua distribuição ocorrerá este mês, sendo que a partir de agosto a tarefa deverá ser “sempre decrescente”.
“É essa a previsão que temos, não desarmarmos, temos a equipa formada e, portanto, vamos garantir que assim vai acontecer”, rematou Paulo Sousa.
Também presente na iniciativa, a diretora-geral da Saúde Graça Freitas afirmou que o Programa Nacional de Vacinação foi “o precursor do êxito” da vacinação contra a Covid-19.
“No primeiro ano em que vacinámos em Portugal, em 1965, deram-se num ano três milhões de doses da poliomielite numa campanha que abrangeu todas as crianças dos 0 aos 9 anos”, salientou.
Neste caso, considerou Graça Freitas, “a questão tecnológica, logística, tem sido extraordinariamente bem desenvolvida” e o “balanço é extremamente positivo”.
“Mas temos que ver que vínhamos de facto de uma base sólida de pensamento, de uma base neuronal bem organizada e que agora felizmente a tecnologia veio facilitar”, vincou Graça Freitas.
LUSA/HN
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