EUA consideram “irresponsável” oposição da China a nova investigação da Organização Mundial da Saúde

23 de Julho 2021

Os Estados Unidos consideraram esta quinta-feira que a oposição de Pequim ao prosseguimento do inquérito da OMS sobre a origem da pandemia é “irresponsável” e “perigosa”.

A posição norte-americana foi expressa pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

A posição chinesa é “irresponsável e perigosa. Não é o momento de fazer obstrução”, disse Psaki, após a China ter criticado fortemente o pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS) de promover uma investigação aos laboratórios nas regiões onde foram identificados os primeiros casos do novo e coronavírus, em particular na cidade chinesa de Wuhan.

Na semana passada, o diretor-geral da OMS Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu uma audição aos laboratórios nas regiões onde foram identificados os primeiros casos do novo coronavírus, numa referência a Wuhan.

Pequim denunciou esta proposta e referir estar “extremamente surpreendido”.

Esta sugestão revela “uma falta de respeito pelo bom senso e uma arrogância face à ciência”, considerou perante os ‘media’ o vice-ministro da Saúde chinês, Zeng Yixin.

Zeng também recusou a teoria da fuga de laboratório, qualificada de “rumor”.

O Instituto de Virologia de Wuhan “nunca efetuou investigações” sobre os coronavírus”, assegurou aos jornalistas.

O diretor-geral da OMS, durante muito tempo acusado de complacência face a Pequim, tinha já surpreendido em março ao pedir inquéritos suplementares.

No entanto, algumas semanas antes, peritos internacionais enviados pela OMS a Wuhan tinham considerado “extremamente improvável” que o vírus fosse proveniente de um laboratório, privilegiando a pista de uma contaminação natural por animais.

Esta conclusão foi questionada por Washington.

A administração norte-americana sublinhou por diversas vezes que a equipa da OMS não incluía especialistas capazes de avaliar a segurança dos laboratórios.

Esta hipótese, que foi rejeitada pela maioria dos especialistas, voltou a regressar em força nos últimos meses.

Na semana passada Tedros Ghebreyesus aludiu a uma ausência de partilha por Pequim de “dados brutos” sobre o vírus, e que constitui um “problema” para traçar a origem da epidemia.

Numa resposta ao pedido da OMS de prosseguir no seu território a investigação sobre as origens do Covid-19, a China respondeu ao denunciar “arrogância” e falta de respeito”, e respondeu com veemência a Washington.

Os primeiros doentes em consequência do novo coronavírus foram identificados no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan. O vírus propagou-se de seguida pelo mundo, provocando até ao momento mais de quatro milhões de vítimas.

Mais de um ano e meio após o início da pandemia, os cientistas continuam a tentar identificar a sua origem, uma questão que se tornou num ponto de discórdia entre a China e os Estados Unidos.

A China alertou em 31 de dezembro de 2019 a OMS da existência de um foco de pneumonia viral no seu território.

No entanto, Pequim recusa admitir que o novo coronavírus seja de origem chinesa, e deu mesmo a entender que poderá ter sido importado para o país.

O regime do Presidente Xi Jinping também tem contrariado a teoria pela qual o Covid-19 terá escapado de um dos seus laboratórios, em particular dos incluídos no Instituto de Virologia de Wuhan, e uma das alegações da ex-administração Trump (2017-2021).

A China defende-se e critica por sua vez uma ausência de transparência pelos Estados Unidos.

Responsáveis chineses e ‘media’ estatais têm responsabilizado em particular o laboratório de Fort Detrick, perto de Washington, como estando na origem da doença Covid-19.

Este local constitui o núcleo da pesquisa norte-americana contra o bioterrorismo.

Segundo o Global Times, diário chinês de tendência nacionalista, cinco milhões de internautas assinaram na quarta-feira uma petição para a abertura de um inquérito a Fort Detrick.

A controvérsia arrisca-se a figurar na agenda das conversações a partir de domingo na China da vice-secretária de Estado Wendy Sherman, a mais alta responsável norte-americana a deslocar-se ao país desde a chegada de Joe Biden à Casa Branca.

A pandemia de Covid-19 provocou pelo menos 4.128.543 mortos em todo o mundo, entre mais de 191,9 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.

Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.248 pessoas e foram registados 943.244 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.

LUSA/HN

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