Enfermeiros dos Açores começam a receber retroativos e atualizações salariais até outubro

26 de Agosto 2021

Os enfermeiros dos Açores deverão começar a receber atualizações salariais e retroativos a partir de setembro ou outubro deste ano, anunciou hoje o Governo Regional, depois de ter formalizado com os sindicatos um acordo alcançado em julho.

“Nos meses de setembro, outubro iniciar-se-á esse pagamento. Estamos a falar de 3,5 milhões de euros até ao final do ano”, adiantou o secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses.

O governante falava, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, após ter assinado acordos com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) e a Ordem dos Enfermeiros, que tinham sido alcançados em julho.

No total, o executivo alega que os acordos representam um esforço financeiro de 12,1 milhões de euros, pagos em oito anos, sendo que 9,5 milhões de euros deverão ser pagos nesta legislatura (até 2024).

“Este acordo foi concretizado fazendo com que o maior esforço seja pago de imediato, ao contrário daquilo que normalmente acontece em que estes acordos implicam uma diluição no tempo em que há um período de carência nos primeiros anos e o grosso do pagamento é feito mais tarde”, salientou Clélio Meneses.

Em causa estão o pagamento de retroativos relativos aos anos de 2011 a 2013, o descongelamento das carreiras, que remonta a 2018, e a contagem do tempo de serviço dos enfermeiros com contrato individual de trabalho dos três hospitais da região.

Para o secretário regional da Saúde, estes acordos são uma forma de “reconhecimento da importância dos enfermeiros” e pretendem “parar com alguma tendência de saída da região de profissionais de saúde altamente qualificados”.

Apesar de o pagamento ser faseado, Francisco Branco, do SEP, disse ter ficado “satisfeito” com as negociações, que põem fim a uma “dívida” que a região tem “há longos anos” para com os enfermeiros.

“Temos a perfeita consciência de que não é possível pagar tudo de uma vez. O calendário foi o que foi possível e foi explicado do ponto de vista do Governo, as suas limitações e as suas dificuldades”, apontou.

Segundo o sindicalista, o acordo deverá abranger cerca de 90% dos enfermeiros do Serviço Regional de Saúde, que deverão receber em média “200 e poucos euros”, já em 2021.

“Um número superior a 1.000 enfermeiros, garantidamente, vai ter um impacto remuneratório no seu salário”, adiantou.

Francisco Branco realçou também a contagem dos pontos dos enfermeiros com contrato individual de trabalho dos hospitais, que passam a estar “totalmente equiparados aos enfermeiros da administração pública regional”.

Já Marco Medeiros, do SINDEPOR, considerou que foi assinado hoje um “acordo histórico”, porque pela primeira vez “alguém assumiu dívidas, pagou e soube calendarizar as dívidas”.

O sindicalista destacou igualmente a contagem do tempo de serviço dos enfermeiros com contrato individual de trabalho, “que já são quase a sua maioria”, permitindo que possam “progredir na sua carreira e com perspetivas de futuro”.

No entanto, alertou para a criação, a nível nacional, de uma tabela intermédia para os enfermeiros especialistas, alegando que no futuro poderão faltar profissionais nos hospitais.

“Os enfermeiros especialistas, com mais responsabilidades e conhecimentos, com o tempo, vão auferir menos que os restantes enfermeiros. Isso vai criar uma grande injustiça e uma grande revolta nos enfermeiros especialistas”, salientou, ressalvando que esta matéria é da responsabilidade do Governo da República.

Para o presidente da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, os acordos representam também um maior reconhecimento da enfermagem.

“Começa a ser uma profissão um pouco mais reconhecida”, afirmou, acrescentando que “há alguns pontos que não foi possível ainda corrigir”, mas que “há uma abertura por parte da tutela para que isso seja feito a curto prazo”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Percursos Assistenciais Integrados: Uma Revolução na Saúde do Litoral Alentejano

A Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano implementou um inovador projeto de percursos assistenciais integrados, visando melhorar o acompanhamento de doentes crónicos. Com recurso a tecnologia digital e equipas dedicadas, o projeto já demonstrou resultados significativos na redução de episódios de urgência e na melhoria da qualidade de vida dos utentes

Projeto Luzia: Revolucionando o Acesso à Oftalmologia nos Cuidados de Saúde Primários

O Dr. Sérgio Azevedo, Diretor do Serviço de Oftalmologia da ULS do Alto Minho, apresentou o projeto “Luzia” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa inovadora visa melhorar o acesso aos cuidados oftalmológicos, levando consultas especializadas aos centros de saúde e reduzindo significativamente as deslocações dos pacientes aos hospitais.

Inovação na Saúde: Centro de Controlo de Infeções na Região Norte Reduz Taxa de MRSA em 35%

O Eng. Lucas Ribeiro, Consultor/Gestor de Projetos na Administração Regional de Saúde do Norte, apresentou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde os resultados do projeto “Centro de Controlo de Infeção Associado a Cuidados de Saúde na Região Norte”. A iniciativa, que durou 24 meses, conseguiu reduzir significativamente a taxa de MRSA e melhorar a vigilância epidemiológica na região

Gestão Sustentável de Resíduos Hospitalares: A Revolução Verde no Bloco Operatório

A enfermeira Daniela Simão, do Hospital de Pulido Valente, da ULS de Santa Maria, em Lisboa, desenvolveu um projeto inovador de gestão de resíduos hospitalares no bloco operatório, visando reduzir o impacto ambiental e económico. A iniciativa, que já demonstra resultados significativos, foi apresentada na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, promovida pela Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Reformas na Saúde Pública: Desafios e Oportunidades Pós-Pandemia

O Professor André Peralta, Subdiretor Geral da Saúde, discursou na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde sobre as reformas necessárias na saúde pública portuguesa e europeia após a pandemia de COVID-19. Destacou a importância de aproveitar o momento pós-crise para implementar mudanças graduais, a necessidade de alinhamento com as reformas europeias e os desafios enfrentados pela Direção-Geral da Saúde.

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This