O Instituto de Saúde Pública do Chile, órgão regulador responsável pela aprovação de vacinas, fez saber que aprovou na segunda-feira o uso da chinesa CoronaVac em crianças entre 06 e 17 anos de idade, fazendo do Chile o primeiro país na região em aprovar a aplicação pediátrica de um imunizante sobre a tradicional plataforma de vírus inativo.
Até agora o uso de vacinas em crianças e adolescentes estava restrito às vacinas da Pfizer-BioNTech e Moderna, que usam a tecnologia ARN mensageiro.
“A aprovação do uso nas crianças é importante devido ao aumento da quantidade de contágios naqueles que não estão vacinados e porque as crianças são vetores, podendo levar o vírus para dentro de casa”, argumentou Heriberto García, diretor do Instituto de Saúde Pública do Chile.
A votação das autoridades sanitárias foi dividida quanto à faixa etária. Cinco votos foram favoráveis ao uso a partir dos seis anos de idade. Dois votos preferiam que fosse a partir dos 12 anos. Apenas um voto foi contra o uso em crianças por considerar que ainda faltam dados para uma decisão.
Para a aprovação, foram considerados os ensaios clínicos das fases I e II realizadas na China com mais de 40 milhões de crianças de 3 a 17 anos de idade, entre 28 de maio e 15 de agosto.
Os especialistas defenderam que a vacinação em crianças é fundamental para conter a circulação do vírus porque, com a vacinação avançada em adultos, as crianças ficaram mais expostas.
“Com a campanha de vacinação avançada, as crianças podem tornar-se reservatórios do vírus”, ilustrou Leonor Jofré, da Sociedade Chilena de Pediatria, quem revelou que “a resposta imune é mais robusta nas crianças” e que, por isso, “provavelmente, a imunidade dure mais tempo”.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, apontou que a campanha vai começar “em breve nos colégios” e a vice-secretária da Saúde, Paula Daza, acrescentou que o começo da vacinação infanto-juvenil será neste mês de setembro numa campanha que irá às escolas vacinar cada aluno.
Além do Chile e fora da China, o uso em crianças da vacina CoronaVac do laboratório chinês Sinovac só foi aprovada na Indonésia.
O avanço da experiência chilena poderia ter impacto em outros países da região. Chile, Brasil e Uruguai são os que usam a CoronaVac de forma maciça.
No Brasil, em 18 de agosto passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) rejeitou o pedido de uso de emergência em crianças feito pelo Instituto Butantan, produtor, no Brasil, da vacina chinês, alegando falta de dados que permitam uma conclusão sobre a segurança e a eficácia do uso pediátrico da vacina.
Até agora, 72% da população chilena de 19 milhões de pessoas completaram o esquema de vacinação, fazendo do Chile uma referência mundial. O governo chileno traçou a meta de vacinar 80% da população, equivalentes a 15,2 milhões de pessoas, para atingir a imunidade coletiva. Desses, 86% já foram completamente vacinados.
LUSA/HN
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