Mais de 50% das empresas de media com queda de receitas no 1.º

18 de Setembro 2021

Mais de metade (52%) das empresas de media registaram no primeiro trimestre deste ano uma "contração no volume de negócios", de acordo com um inquérito conduzido pelo regulador ERC sobre o impacto da pandemia hoje divulgado.

Este é uma das conclusões do relatório “Implicações da crise de covid-19 nas condições económicas do setor de media em Portugal – 2020/1.º trimestre de 2021”, a partir das respostas de um questionário realizado entre 26 de maio e 28 de junho.

O questionário foi dirigido a um conjunto de entidades representativas do setor registadas na Plataforma Digital da Transparência (pessoas coletivas com contabilidade organizada que identificam a comunicação social como atividade principal) e a prestadores de televisão por subscrição.

“Dos dados do inquérito realizado conclui-se que, apesar de a pandemia de covid-19 ter afetado todos os órgãos de comunicação social portugueses, o seu impacto tem sido desigual, lesando principalmente a imprensa nacional e regional e local, bem como as rádios regionais e locais”, refere a ERC, em comunicado.

“Em contrapartida, os operadores privados de televisão, fornecedores de ‘video-on-demand’ [VoD], plataformas de partilha de vídeo, distribuidores de serviços de televisão por subscrição e operadores privados de rádio de âmbito nacional mantiveram-se mais protegidos”, acrescenta.

A ERC salienta que nas respostas remetidas “é reportada a ausência de políticas públicas dirigidas às áreas mais frágeis do setor e a necessidade de maior adequação à realidade” dos media regional e local.

“São também solicitados mais apoios através de benefícios fiscais e incentivos ao investimento e capitalização das empresas, como a criação de fundos direcionados e linhas de crédito bonificadas”, acrescenta o regulador.

“Um total de 14% dos respondentes mencionou ter encerrado órgãos de comunicação social, sobretudo canais televisivos e publicações impressas, ainda que a maior parte com a expectativa de retomar a publicação”, de acordo com o relatório.

Quase um terço (32,2%) das entidades afirmou não ter recorrido a qualquer medida de apoio, sendo as mais utilizadas as de proteção ao emprego (14,8%) e os subsídios diretos (11,0 %).

Além disso, quase um terço beneficiou de apoios em publicidade de plataformas privadas multinacionais como a Google ou a Netflix.

No que respeita ao desempenho económico-financeiro, “observa-se que 58% dos inquiridos registaram contração do volume de negócios em 2020, 30% mantiveram o mesmo nível de 2019 e 12% apresentaram expansão”.

Entre os que não apresentaram alterações no volume de negócios “encontram-se o operador público de televisão”, a RTP, “alguns operadores de televisão (30%) e a maioria dos fornecedores de VoD, distribuidores e outros fornecedores audiovisuais”.

De acordo com a ERC, “cerca de 42% dos operadores privados de rádio nacional e 34% dos operadores de rádio regional e local também mantiveram o seu volume de negócios em 2020”, enquanto “71% da imprensa nacional e 65% da imprensa regional e local apresentaram contração do volume de negócios”.

Nos primeiros três meses deste ano, “a situação parece ter melhorado, com cerca de 16% dos respondentes a mencionar estabilidade no volume de negócios” face a igual período de 2020.

O número de inquiridos a indicar expansão aumentou para 32% “e os que reportaram contração diminuíram para 52%”.

Já relativamente à contração das receitas de publicidade, “constata-se que foi sentida por mais de 60% dos órgãos de comunicação social em 2020 e que no primeiro trimestre de 2021 afetava 52% dos meios”.

Os dados revelam ainda que “para cerca de 70% dos respondentes a pandemia não originou a oferta de novos serviços no mercado”, sendo que a aposta foi “direcionada para otimização da estrutura de custos e reforço do teletrabalho ou reorganização de equipas”.

A ERC destaca que “foram também relevantes as respostas focadas no aumento do foco em conteúdos ‘online’ ou o reforço da capacidade de distribuição digital em vários canais” e que, “inquestionavelmente, a pandemia veio acelerar modelos de negócio centrados em subscrições e no digital”.

Este relatório é uma atualização do relatório “Avaliação do impacto da pandemia de covid-19 sobre o setor da comunicação social em Portugal”, publicado peça ERC em junho do ano passado.

LUSA/HN

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