“A nossa investigação mostra o que há muito suspeitamos e tememos, nomeadamente que os efeitos colaterais destrutivos desta pandemia danificaram o tecido social e serão sentidos durante anos, se não décadas”, disse o presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), Francesco Rocca.
A pandemia resultou em muitas perdas de emprego e, portanto, de rendimentos, diz a organização, com base em dados recolhidos pelas suas 192 sociedades nacionais.
A crise também aumentou a insegurança alimentar e reduziu o acesso à educação e aos serviços de apoio às pessoas que enfrentam violência, ao mesmo tempo que agravou os problemas de saúde mental, segundo o relatório.
“As pessoas que já estão vulneráveis, devido a conflitos, às alterações climáticas e à pobreza, foram empurradas um pouco mais para a beira do precipício”, disse Francesco Rocca numa conferência de imprensa.
As mulheres têm sido particularmente afetadas pela perda de postos de trabalho, uma vez que trabalham mais frequentemente na economia informal e em setores onde houve restrições severas devido à situação sanitária, como o turismo.
O relatório salienta também que os confinamentos conduziram a um maior isolamento social das mulheres, tornando-as mais vulneráveis à violência doméstica.
O caso das Filipinas é referido como exemplo, já que as Nações Unidas estimam que haverá mais 114 mil mulheres em 2020 vítimas de violência física e sexual devido às quarentenas.
Os migrantes, refugiados e pessoas deslocadas internamente também estão entre os que são mais afetados pela pandemia em comparação à restante população, de acordo com o relatório.
O principal efeito é a perda de postos de trabalho, um efeito exacerbado para os migrantes e as pessoas deslocadas, uma vez que muitas vezes não têm acesso aos sistemas de proteção implementados pelos Governos durante a pandemia, salienta o relatório.
A Covid-19 provocou pelo menos 5.148.939 mortes em todo o mundo, entre mais de 256,91 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse (AFP) com base em fontes oficiais.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
LUSA/HN
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