Numa declaração ao país de apelo ao voto, através da televisão e rádio, Marcelo Rebelo de Sousa faz um balanço da campanha eleitoral, avisa para as dificuldades em sair da crise causada pela pandemia, e pede aos portugueses que vençam o cansaço e o conformismo e vão votar “sem temores nem inibições”.
“Amanhã eu lá estarei, como sempre, com o meu [voto], um em milhões, a dizer o que penso sobre os próximos anos para Portugal. Anos de saída de uma penosa pandemia, de urgente reconstrução da economia, da sociedade, do ambiente, da vida das pessoas, de difíceis desafios europeus, e de tensão mundial como já não existia há quase 20 anos”, afirmou.
Marcelo admitiu que a “pandemia, cansaço, conformismo, e outras razões do foro íntimo, são, para muitos, argumentos para escolher não escolher”.
“Mas, nestas eleições tão diferentes, num tempo tão diferente e tão exigente, votar é também uma maneira de dizermos que estamos vivos e bem vivos, e que nada, nem ninguém, cala a nossa voz”, pediu, dando o exemplo da participação nas eleições autárquicas, em setembro, e até nas presidenciais de há um ano em que se registavam “mais de trezentos mortos por dia, mais de oitocentos em cuidados intensivos e mais de seis mil internados” e “sem vacinas”.
Resta, então, “votar em consciência e em segurança” e “a pensar em Portugal”.
Antes do apelo à participação dos portugueses na votação, o chefe do Estado fez uma análise à campanha destas eleições “diferentes”, durante a qual a sua agenda foi reduzida ao mínimo, e aos temas que a marcaram.
São eleições diferentes, porque nelas se confirma, sublinhou, que “o choque da pandemia tem sido tão abrupto e prolongado que recuperar economia e mitigar pobreza e desigualdades sem mudanças de fundo, corre o risco de ser encharcar com milhões as areias de um deserto”.
E foi uma campanha em que, segundo apontou, se tornaram evidentes três temas – “a própria pandemia e a saúde, a urgente melhoria das condições de vida, a próxima fórmula governativa, por cada qual preconizada”.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda outras diferenças, sugerindo uma reflexão sobre a revisão da “rígida” lei eleitoral, que exclui a votação fora dos domingos e dias feriados, e não permite horários flexíveis e sublinhou a importância do voto antecipado em mobilidade.
Destacou, igualmente, a forma como decorreu a campanha, com uma “audiência sem precedente nos numerosos e mobilizadores debates e entrevistas, em clássicos e novos meios digitais, a testemunhar o elevado empenhamento de partidos e seus dirigentes e o profissionalismo de jornalistas, e a aconselhar cuidado acrescido naqueles que pensam regressar, no futuro, a poucos e seletivos debates audiovisuais”.
Mais de 10,8 milhões de eleitores são chamados a votar nas legislativas de domingo, antecipadas após o chumbo do Orçamento do Estado, para eleger 230 deputados à Assembleia da República.
Esta é 16.ª vez, desde 1976, que os portugueses votam para eleições parlamentares, em democracia.
Atualmente, há nove partidos representados no parlamento – PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP, CDS-PP, Verdes, Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Iniciativa Liberal (IL) e Chega.
LUSA/HN
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