Feira e UP em projeto para alterar alimentação de estudantes e famílias com apoio UNESCO

5 de Abril 2022

 O Município de Santa Maria da Feira e a Universidade do Porto (UP) comprometem-se quinta-feira, sob a égide da UNESCO, a tornar mais saudável e sustentável a alimentação dos trinta mil alunos desse concelho do distrito de Aveiro.

Essa intenção vai ser formalizada num protocolo a assinar pela autarquia e pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNA) da Universidade do Porto, depois de Santa Maria da Feira ter no início do ano sido classificada como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

O objetivo é que a faculdade proceda ao mapeamento do património gastronómico do concelho e, com base nisso, desenvolva um programa alimentar que, no arranque do ano letivo 2023/2024, permita aos seus 93 estabelecimentos de ensino adotarem menus nutricionalmente mais saudáveis e que privilegiem produtos sazonais de fabrico local – ajudando a disseminar novos hábitos de alimentação pelos familiares dessas crianças e jovens.

Gil Ferreira, vereador local da Cultura também com a tutela da Educação, tem almoçado uma vez por semana em diferentes cantinas escolares e afirma que “a alimentação disponível nas escolas da Feira já é boa em termos nutricionais e de diversidade”.

“Mas ainda há muita margem para melhorar ao nível da sustentabilidade e faz falta mais literacia gastronómica, não só entre alunos, professores e pessoal auxiliar, mas também nas famílias dos estudantes”, considerou.

Numa primeira fase, a estratégia definida pela FCNA será testada em duas escolas e só depois os resultados serão formalmente disseminados pela generalidade dos estabelecimentos educativos do concelho.

Até que isso aconteça, o trabalho a desenvolver por técnicos da autarquia e da UP será ainda complementado com ações dirigidas a produtores e ao tecido económico.

“Queremos seguir a estratégia europeia ‘do prado ao prato’, que incentiva a incorporação de produtos sazonais locais nas ementas escolares, e isso passa, por exemplo, por aproveitar a nossa produção de mirtilo e kiwi, o primeiro com muitas propriedades antioxidantes e o segundo muito rico em vitamina C. Mas o facto é que, para alimentar um universo escolar diário de 30.000 pessoas, é preciso que os produtores locais tenham capacidade de assegurar esse fornecimento”, realça Gil Ferreira.

É nesse domínio que o vereador identifica mais preocupações, a vários níveis. Por um lado, a reticência dos produtores locais quanto à “logística necessária para abastecer todo este ecossistema”; por outro, as suas dificuldades financeiras para proceder ao investimento de que podem precisar caso pretendam “aproveitar o que não deixa de ser uma grande oportunidade de negócio”; e, por último, a própria inflação, prejudicial a todas as partes.

“Ainda agora fizemos uma consulta ao mercado para alinhar o preço-base do concurso público internacional que vamos lançar para abastecimento das refeições do próximo ano e já nos apercebemos de um dramático aumento de preços, com os valores a subirem, no geral, para o dobro”, revela o autarca.

O protocolo a assinar entre Câmara da Feira e FCNA visa, num primeiro eixo, “o mapeamento e valorização do património gastronómico da região, seguindo-se “a implementação de um programa de educação para uma alimentação saudável e sustentável nos agrupamentos de escolas da Feira”.

Na mesma data serão também assinados protocolo de colaboração, ainda no âmbito da classificação da Feira como Cidade Criativa da Gastronomia, com a AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e a AGAVI – Associação para a Promoção da Gastronomia, Vinhos, Produtos Regionais e Biodiversidade.

Em ambos os casos, a parceria visa desenvolver projetos conjuntos em áreas como formação profissional, investigação e programas de estágio.

LUSA/HN

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