“A situação limite, do ponto de vista de sobrecarga de trabalho e de qualidade assistencial, tem sido uma constante nos últimos tempos. Mas, neste momento, é absolutamente dramática, desesperante e totalmente inaceitável”, referem, num manifesto assinado por 23 internistas e internos.
A decisão de se demitirem, que foi apresentada na quinta-feira à noite, irá manter-se “na ausência de níveis de segurança mínimos”, que consideram ser quatro internistas durante o dia e três durante a noite e dois médicos “de balcão” (indiferenciados) durante o dia e noite.
Até isso acontecer, não assumirão as suas funções, nem receberão “o banco dos colegas” que deveriam render, garantem.
“Conscientes das consequências que tal representa para os utentes, apelamos ao encerramento do serviço quando os critérios mínimos não estejam assegurados. Sabemos que o CA [conselho de administração] e a tutela não o permitem […] mas quem tem a vida dos doentes nas mãos somos nós”, sublinham.
Os médicos dizem estar no limite das suas “capacidades físicas e mentais, exaustos, desanimados, desgastados, desmotivados, mas sobretudo em sofrimento ético e em risco profissional”, porque, na sua profissão, “o erro mata”.
“Na ausência de resposta às nossas revindicações atuais, novas medidas serão assumidas em conjunto por todos os internistas desta casa. Se a Medicina Interna sucumbir, o hospital desmorona-se”, avisam.
No manifesto, é explicado que a Medicina Interna da Unidade de Caldas da Rainha assegura a enfermaria de Medicina de Caldas (25 camas), a enfermaria de Medicina de Peniche (28 camas), a enfermaria covid (11 camas), a Unidade de Hospitalização Domiciliária, consultas externas, Hospital de Dia e as escalas de urgência externa e interna.
“Neste momento, estão duas urgências em funcionamento separadas fisicamente. E, a partir das 20:00, é a equipa do serviço de urgência que assegura a assistência a todos os doentes internados no hospital”, referem.
Os médicos explicam ainda que “esta unidade não tem Unidade de Cuidados Intermédios, nem Cuidados Intensivos, o que implica transferências frequentes para outras unidades hospitalares”, uma situação que também “requer equipa médica nas transferências”.
Segundo estes profissionais, “o serviço de urgência está em rutura completa”, não estando a ser asseguradas “as condições mínimas de qualidade assistencial, nem de segurança, nem para os profissionais de saúde, nem para os doentes”.
“O excesso de doentes que recorrem e permanecem indevidamente no serviço de urgência, as escalas persistentemente incompletas – sem cumprirem os mínimos aceitáveis – o desvio frequente de doentes fora de área (nomeadamente da área de Torres Vedras) e a proibição de transferir doentes para os seus hospitais de origem, são alguns dos inúmeros problemas identificados”, acrescentam.
LUSA/HN
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