“Há quatro anos que não temos nenhum caso autóctone de paludismo [malária], é de assinalar. Nós estamos junto com a OMS a trabalhar para a certificação do país livre de transmissão autóctone”, avançou o ministro da Saúde cabo-verdiano, Arlindo do Rosário.
O governante falava à imprensa, na cidade da Praia, numa cerimónia do Dia Mundial de Luta Contra o Paludismo, que hoje se assinala, e para lançar no país a campanha denominada “Zero paludismo Começa Comigo”, que é de âmbito continental em prol de uma África sem a doença.
Para o ministro, Cabo Verde tem feito “um trabalho enorme”, através dos agentes de luta antivertorial e do direção do programa nacional, mas também com a participação do poder local, das organizações não governamentais, de outros departamentos governamentais e da comunicação social.
“Tem sido um trabalho conjunto que tem permitido a Cabo Verde estar na situação em que está, sem nenhum caso de transmissão local do paludismo, mas também de outras doenças de transmissão vetorial, nomeadamente zika e dengue”, reforçou.
A campanha “Zero paludismo Começa Comigo” visa reforçar a ação e participação comunitária, explicou o ministro, alertando que a certificação da eliminação da malária não deve ser algo para “envaidecer ou alimentar os egos” do país.
“Serve, fundamentalmente, para estar dentro de um contexto que nós queremos de segurança sanitária, um país seguro é um país que dá garantias, não só para os residentes, mas também para os turistas”, completou o titular da pasta da Saúde no arquipélago.
Segundo o Programa Nacional de Luta Contra o paludismo da Direção Nacional da Saúde (PNLP), o paludismo em Cabo Verde caracteriza-se por ser uma doença instável, de transmissão sazonal dependendo fortemente da pluviosidade, que se encontra presente em quatro ilhas (Santiago, Boa Vista, São Vicente e Maio).
O diretor do programa, António Moreira, disse, por sua vez, que “se tudo correr bem” Cabo Verde terá até final do ano a certificação da OMS de eliminação do paludismo, em que no ano passado foram registados 21 casos importados.
“O desafio maior é fazer uma boa gestão desses casos importados para evitar o aparecimento de casos locais”, determinou o técnico de saúde, lembrando que Cabo Verde está perto de países endémicos de paludismo e com ligação aérea e marítima frequente.
“Teremos de estar muito vigilantes para podermos não ter casos locais”, insistiu o mesmo responsável, considerando que a eliminação da doença em Cabo Verde poderá ser um “farol” para os países próximos, que é possível chegar a esse ponto mesmo com poucos recursos.
Cabo Verde tem um plano estratégico de eliminação do paludismo 2020-2024, que reforça o controlo vetorial (luta antilarvar, campanhas de pulverização, medidas e gestão ambiental) a vigilância epidemiológica (deteção, investigação e notificação obrigatória dos casos), assistência aos pacientes (diagnóstico e tratamento) e comunicação e mobilização social.
Este ano o dia é assinalado sob o lema “Reduzir o fardo do Paludismo e salvar vidas”.
A malária, uma doença curável, é transmitida entre humanos através da picada de um mosquito infetado, sendo uma das principais causas de morte a nível global.
LUSA/HN
0 Comments