O projeto-piloto nos dois lares, Nightingale House e Hammerson House, que no conjunto têm mais de 300 residentes, está a decorrer há dois meses, numa tentativa de melhorar a saúde mental e os níveis de ansiedade.
“Nós vimos o sofrimento que a pandemia e as restrições causaram tanto aos residentes como aos familiares, nomeadamente o facto de estarem privados de ver os familiares durante muito tempo ou de os verem à distância ou com máscara, luvas e aventais pelo meio”, disse Nuno Lopes à Agência Lusa.
O contacto físico, explicou, “é muito importante para a vida dos residentes e ainda mais para pessoas que vivem com demência, para quem era muito difícil entender o porquê de estarem em frente do filho ou neto e não os poderem tocar e abraçar como faziam antes”.
A máscara complicou também a comunicação verbal ao impedir a visualização do movimento dos lábios, acrescentou, pois pessoas com demência têm dificuldades auditivas.
Apesar de o Governo britânico ainda recomendar o uso da máscara em residências, a Nightingale Hammerson consultou residentes, visitantes e empregados e decidiu eliminar o uso obrigatório da máscara.
Em vez disso, todos os funcionários e visitantes fazem testes de diagnóstico diários antes de entrar nas residenciais, sendo os trabalhadores obrigados a estar vacinados com pelo menos duas doses de uma vacina contra a Covid-19.
Os residentes, por sua vez, já estão protegidos com quatro doses, aguardando uma nova dose de reforço no outono, o que reforçou a imunidade daquela população vulnerável.
“Somos os primeiros em Inglaterra e certamente no mundo” a prescindir do uso da máscara, acredita Nuno Lopes, que diz que o Governo britânico está agora a estudar o resultado deste projeto.
A instituição cuida apenas pessoas da comunidade judaica e já tinha feito experiências na redução do período de isolamento de novos residentes ou que regressarem aos centros.
Formado em enfermagem, este português nunca trabalhou em Portugal, tendo exercido primeiro em Espanha antes de se mudar para o Reino Unido em 2015, onde começou por trabalhar em centros de cuidados paliativos.
Há três anos, mudou-se para esta instituição no norte de Londres.
“Sinto-me bastante orgulhoso de estar numa instituição em que pusemos os grupos residentes em primeiro lugar porque temos estado a privar de direitos humanos os nossos residentes só porque eles estão num lar”, vincou à Lusa.
LUSA/HN
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