UE procura evitar impacto das sanções contra a Rússia na segurança alimentar

18 de Junho 2022

O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell (na imagem), garantiu hoje que o grupo está "pronto" para trabalhar com as Nações Unidas e outros parceiros para evitar impactos das sanções contra a Rússia na segurança alimentar global.

“Devemos permitir urgentemente que a Ucrânia exporte os seus cereais através do Mar Negro”, escreveu Josep Borrell (na imagem)  no seu blogue, aludindo à existência de “uma ‘batalha narrativa’ em torno das exportações russas de cereais e fertilizantes”.

Embora as sanções da UE “não sejam direcionadas contra essas exportações”, disse, garantiu que a UE está “pronta para trabalhar com a ONU e parceiros para evitar qualquer impacto indesejado na segurança alimentar mundial”, afirmou Borrell, ressalvando que as medidas restritivas dos 27 Estados-Membros não se aplicam aos alimentos.

A Rússia acusou o Ocidente de causar a atual crise de segurança alimentar, embora as sanções destes países não afetem os alimentos.

“Quando a máquina de propaganda russa afirma que somos responsáveis pela crise alimentar, não passam de mentiras cínicas, como tantas outras que essa máquina vem espalhando há muitos anos”, disse Borrell, considerando que esse cinismo “foi evidente quando a Rússia bombardeou o segundo maior silo de cereais da Ucrânia em Mykolaiv.”

“Todos aqueles que querem limitar a crise alimentar mundial devem, acima de tudo, ajudar-nos a aumentar a pressão sobre a Rússia para interromper a sua guerra de agressão”, afirmou, citado pela Agência EFE.

Borell defendeu que para evitar “uma calamidade alimentar global, a principal prioridade continua a ser interromper a guerra e tirar as tropas russas da Ucrânia”, assumindo ser esse o objetivo do apoio “maciço da UE à Ucrânia” e das medidas restritivas contra o regime de Putin.

No entanto, a Europa “nunca visou as exportações agrícolas e de fertilizantes russas” e não proíbe a Rússia de “exportar produtos agrícolas, o pagamento das referidas exportações russas ou o fornecimento de sementes, desde que as pessoas ou entidades sancionadas não estejam envolvidas”, disse o ex-ministro espanhol, lembrando que as medidas restritivas dos 27 não se aplicam fora da comunidade e não criam obrigações para operadores de fora da UE “salvo se o negócio seja levado a cabo, pelo menos, parcialmente, dentro da União Europeia”.

Borell disse estar em “contacto próximo com a ONU para estudar questões como a evasão de mercado e o excesso de conformidade, que podem afetar a compra de fertilizantes cereais russos” e que a Europa está pronta para discutir esses temas através de especialistas “para identificar obstáculos concretos, incluindo possíveis dificuldades em pagamentos, e trabalhar para encontrar soluções”.

O alto representante da UE sublinhou que as tropas russas “bombardeiam, exploram e ocupam terras aráveis na Ucrânia, atacam equipamentos agrícolas, armazéns, mercados, estradas, pontes e bloqueiam portos ucranianos, impedindo a exportação de milhões de toneladas de cereais para os mercados mundiais”.

“A Rússia transformou o Mar Negro numa zona de guerra, bloqueando os embarques de cereais e fertilizantes da Ucrânia, mas também afetando os navios mercantes russos”, lembrando que o país “também está a aplicar quotas e impostos às suas exportações de cereais”.

A escolha política “consciente da Rússia é transformar essas exportações em armas e usá-las como uma ferramenta para chantagear qualquer um que se oponha à sua agressão”, concluiu Josep Borrell.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

“O que está a destruir as equipas não aparece nos relatórios (mas devia)”

André Marques
Estudante do 2º ano do Curso de Especialização em Administração Hospitalar da ENSP NOVA; Vogal do Empreendedorismo e Parcerias da Associação de Estudantes da ENSP NOVA (AEENSP-NOVA); Mestre em Enfermagem Médico-cirúrgica; Enfermeiro especialista em Enfermagem Perioperatória na ULSEDV.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights