“Não implica muito mais do que aquilo que está a ser feito. Todas as medidas têm sido tomadas, mesmo sem essa declaração” de emergência de saúde pública de preocupação internacional decidida hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS), disse à Lusa a porta-voz da DGS para o surto em Portugal.
Segundo Margarida Tavares, a nível nacional, “já estão implementadas as medidas fundamentais” para responder ao surto que surgiu em 03 de maio, com a confirmação laboratorial dos primeiros cinco casos, e que, desde então, já resultou em 588 pessoas infetadas.
Apesar de Portugal ser um dos países do mundo mais afetados pela Monkeypox, em termos do número de casos diagnosticados, “não se pode dizer que estamos num crescimento exponencial nem nada que se pareça”, adiantou a médica.
“O que temos assistido é um número constante semanal e até com uma tendência ligeiramente decrescente”, destacou Margarida Tavares, que é também a diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS.
Apesar desta evolução “não sossegar” a autoridade de saúde, permite dizer que Portugal não está numa “situação de enorme alarme”, afirmou Margarida Tavares, ao salientar que a DGS tem estado empenhada, desde o início, em envolver as populações mais afetadas em todos os níveis de decisão, através da articulação com os líderes e as organizações comunitárias.
A OMS declarou hoje o surto de Monkeypox como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, o nível mais alto de alerta, quando estão notificados mais de 16 mil casos em 75 países.
“Temos um surto que se está a espalhar rapidamente à volta do mundo, do qual sabemos muito pouco e que cumpre os critérios dos regulamentos internacionais de saúde”, adiantou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, após a reunião do Comité de Emergência que avaliou a evolução da doença no mundo.
Para Margarida Tavares, esta declaração assume importância por permitir reforçar a investigação e o investimento por parte dos países em meios de prevenção e tratamento da Monkeypox, caso de vacinas e antivíricos, com vista à sua disponibilização à escala global.
“Este nível de alerta a que o mundo está agora obrigado – porque cria alguns direitos, mas também obrigações de alguns países – pode aumentar a pressão para que haja mais produção de vacinas e de antivíricos e para uma maior disponibilização” destes produtos, explicou a perita da DGS.
Segundo disse, a decisão do diretor-geral da organização mundial permite ainda uma “atenção maior e uma coordenação da OMS mais assertiva” entre os vários países para que haja uma resposta transfronteiriça à Monkeypox, tendo em conta que um evento sanitário desta natureza pode ter implicações na atividade económica, na mobilidade e no tráfego entre países.
O Comité de Emergência para a Monkeypox, que se reuniu na quinta-feira pela segunda vez para avaliar da evolução do surto, não chegou a um consenso, mas a avaliação da OMS é de que o risco é moderado a nível global, exceto na Europa, onde é considerado como elevado.
O diretor-geral explicou que a sua decisão de declarar a emergência de saúde pública de preocupação internacional baseou-se nas informações que mostram que o vírus se espalhou rapidamente a nível global, mesmo em países sem registo prévio de infeções, assim como nas “muitas incógnitas” face aos dados ainda insuficientes sobre a Monkeypox.
NR/HN/LUSA
0 Comments