“Estão asseguradas as condições mínimas para [as urgências] funcionarem de um modo que não é aquilo que a gente quer, absolutamente, mas que mantêm a segurança”, afirmou a presidente do conselho de administração, Rita Perez, sublinhando, a propósito da carta enviada pelo grupo de 19 assistentes hospitalares, que “não ficou claro e evidente que se iriam demitir”.
Em declarações aos jornalistas após a reunião com os profissionais que subscreveram a carta, Rita Perez adiantou ter proposto a criação de um grupo de trabalho. Na base desta situação está o planeamento da escala do mês de agosto, que prevê que a constituição das equipas do serviço de urgência geral (SUG) seja assegurada apenas por um assistente hospitalar (com função de chefia) e um interno de formação geral
“Isto é um problema de atratividade para o Serviço Nacional de Saúde. Agora já existe um instrumento legislativo que nos permite pagar horas extraordinárias de outra forma – muito mais atrativa – e a maioria das pessoas que estava nessa assembleia já poderá receber horas extraordinárias de outra forma”, frisou.
A presidente do conselho de administração do CHLO explicou que o plano de férias aprovado em março para a especialidade de medicina interna pressupunha o preenchimento das vagas de assistente hospitalar que foram abertas naquela unidade. No entanto, das sete vagas criadas, quatro ficaram por ocupar, admitiu Rita Perez.
“Eram em número suficiente para não termos nenhum problema durante o verão. O que acontece é que as vagas não foram ocupadas, porque os regimes de trabalho e de horas extraordinárias não são muito atrativos para as pessoas”, observou, assinalando a mudança de paradigma dos novos assistentes: “Muitas vezes preferem ser tarefeiros, porque ganham bastante mais e deixa-lhes mais tempo livre”.
Confrontada com um possível encerramento das urgências do hospital durante o mês de agosto face à falta de profissionais, Rita Perez lembrou que a equiparação de internos de último ano com funções de assistente visava colmatar as equipas, mas não excluiu a interrupção de férias de alguns profissionais.
“Se considerarmos a equiparação – que até é reconhecida pela Ordem – de funções a assistente hospitalar com internos do quinto ano, estão [asseguradas as condições]. Se me disser só com assistentes hospitalares, terei que interromper férias”, reconheceu, acrescentando: “Existem outros especialistas médicos para acorrerem a emergências e que normalmente acorrem às emergências que há no serviço de urgência”.
E sentenciou: “Tudo estamos a fazer para que nada disso aconteça e nada disso, muito provavelmente, vai acontecer, a menos que nos vejamos obrigados. Não queremos ninguém com falta de segurança. Este serviço de urgência é um dos serviços que estão num raio relativamente perto de outros que podem receber os doentes, mas não é isso que queremos. Queremos ficar abertos e vamos, com certeza, ficar abertos”.
A tomada de posição do conselho de administração do CHLO surgiu na sequência da divulgação de uma carta enviada por um grupo de assistentes hospitalares de medicina interna, na qual anunciaram a demissão a partir de agosto.
“Não estarão garantidas a capacidade de assistência e cuidados às pessoas que recorrem ao SUG do CHLO nem a segurança destas e dos profissionais que as assistem. Nesse sentido, concretizando-se este planeamento e a constituição das equipas nele proposta, o grupo apresentará a sua demissão em bloco da função de chefia do SUG, a aplicar a partir do mês de agosto”, pode ler-se na carta a que a Lusa teve acesso.
Estes profissionais de saúde manifestaram “profundo desagrado e indignação” relativamente a esta situação, apontando que “a crise que vive o serviço de urgência é antiga e tem-se vindo a agravar progressivamente” e exigindo uma “mudança radical e urgente” da Direção do Serviço de Urgência e do Conselho de Administração do CHLO.
LUSA/HN
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